Folha de S. Paulo
Esquerda petista puxa agenda econômica, e
MST promete pressão sobre o governo
Lula tem
ouvido um certo barulho à esquerda do Palácio do Planalto. Na economia, alas do
PT mantêm uma campanha
contra o aperto do arcabouço fiscal negociado pela Fazenda com o
Congresso. No campo, o MST promete
aumentar a pressão sobre o governo pelo avanço de iniciativas de reforma
agrária.
O presidente não é um principiante nessa área. Quando a esquerda petista atacou a agenda econômica do primeiro mandato, Lula deu sinal verde para a expulsão de parlamentares da sigla. Com os movimentos sociais, o governo conseguiu uma relação amigável graças à aceleração de políticas públicas e à partilha de cargos na máquina federal.
O novo mandato oferece a Lula
circunstâncias mais ásperas de interação com esses setores de sua base. Ainda
que o presidente dê passos à esquerda (na plataforma social, na diplomacia e
nas escolhas sobre o papel do Estado, por exemplo), as condições políticas e
econômicas puxam o governo em outra direção.
Com 40 anos de MST, João Pedro Stedile deu
o diagnóstico. Em
entrevista a Mônica Bergamo, o líder do movimento disse que o time de Lula
demora para atender demandas, criticou a reação negativa de ministros à
ocupação de terras pelo grupo e avaliou que a eleição tensa deixou o governo
"meio medroso" para enfrentar o que chama de "luta social".
De fato, o quadro político levou Lula a
fazer concessões a setores distantes da órbita da esquerda. O governo tem um
ministro da Agricultura ligado a grandes produtores e encara com
cautela o
custo reputacional das invasões do MST.
Algo semelhante ocorre com Fernando Haddad,
que amortece pressões da esquerda na economia. O controle de despesas proposto
pelo ministro no arcabouço fiscal foi
comparado a um pacto com o diabo pelo deputado Lindbergh Farias (PT).
A própria esquerda, porém, reconhece o
valor das concessões. Na entrevista à Folha, Stedile elogiou a agenda de Haddad e chegou
a dizer que o ex-tucano Geraldo Alckmin pode ser um bom sucessor para Lula.
Um comentário:
Geeraldo,adoro.
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