Folha de S. Paulo
Qualquer proposta de alinhamento será
considerada incerta ou terá preço alto demais
Pouca gente apareceu para defender Daniela
Carneiro durante a passagem da ministra pela Câmara nesta terça (13).
Na Comissão de Turismo, havia mais deputados de oposição do que governistas
para a audiência que pode ter sido um de seus atos finais como titular da
pasta.
Daniela foi ao Congresso depois de conversar com Lula no Planalto. Prestes a perder o cargo, ela não quis passar recibo: disse que receberia os parlamentares na Esplanada e avisou que o Ministério do Turismo estava de portas abertas para os políticos. Os deputados, porém, já tratavam a convidada como ex-ministra.
A perda de sustentação política de Daniela
é a prova final de que Lula calculou
mal a escolha para a pasta. O longo processo de fritura da ministra, de
outro lado, é uma exibição pública do problema que a União Brasil se
tornou para o petista.
Formada a partir de uma fusão artificial
entre dois partidos de direita (PSL e DEM), a legenda testou um figurino
centrista e flertou com o novo presidente. Mas disputas internas protagonizadas
por quatro grupos diferentes fizeram com que qualquer
proposta de alinhamento fosse considerada incerta ou assumisse um
preço alto demais.
O estopim da queda de Daniela refletiu uma
dessas brigas por poder. O grupo da ministra resolveu
deixar a União Brasil depois de ser enquadrado pelo presidente da
legenda, Luciano Bivar, num embate pelo controle do partido no Rio.
Bivar, por sua vez, tem sua própria
disputa. O presidente da União Brasil prometeu a Lula uma adesão da legenda ao
governo em aliança com o senador Davi
Alcolumbre, mas contra a vontade da bancada na Câmara. Os deputados se
recusam a entrar oficialmente na base do petista e querem negociar cargos de
forma independente, usando votações para pressionar o governo.
Lula escolheu a partilha de ministérios
como ferramenta para formar uma maioria no Congresso. Se depender da União
Brasil, atender a todos pode custar quatro vezes mais caro do que o preço de
tabela.
Um comentário:
Carácoles!
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