Valor Econômico
Uma propagação de conflito militar no Oriente
Médio alimenta temor de elevação maior do preço do petróleo
A economia global, que já vem desacelerando,
acumula novos riscos com a eclosão de conflito militar no Oriente Médio. Não
será surpresa se os banqueiros centrais, que se encontrarão esta semana no
Marrocos, na reunião anual do FMI e do Banco Mundial, sinalizarem sobre novas
tendências inflacionárias e aumento dos riscos globais.
Discussões sobre o ‘payroll' americano em
setembro parecem terrivelmente triviais neste momento e podem se tornar
notícias de ontem ‘se estivermos entrando em outro choque de oferta
impulsionado pela política real’, nota o analista Michael Every, do banco
holandês Rabobank.
‘Se há algo que os eventos do fim de semana
devem confirmar, é que os banqueiros centrais não estão blefando quando dizem
que entramos em um novo e perigoso mundo de fragmentação geopolítica e
rivalidade entre grandes potências’, escreve ele em nota do banco.
Enquanto as movimentações no mercado de títulos pareciam caóticas, o lado positivo era uma forte retração nos preços do petróleo bruto, que fez com que o Brent passasse de mais de US$ 97/barril em um determinado momento para US$ 84,58/barril no final da semana. Agora, esse alivio no preço do barril pode ser passageiro, com o ataque do Hamas a Israel no fim de semana devendo pressionar mais os mercados.
Os preços podem subir se os combates se
espalharem pela região, especialmente se o Irã se envolver ativamente na
guerra. Ou seja, qualquer expansão das batalhas terá repercussões potenciais
nos mercados de petróleo.
O analista do Rabobank cita diferentes
riscos. O acordo de paz entre a Arábia Saudita e Israel (anti-Irã) e o aumento
da produção de petróleo por Riad em 2024 como um adoçante, por enquanto, são
coisas do passado. Além disso, o Wall Street Journal publica que "o Irã
ajudou a planejar um ataque a Israel durante várias semanas". Para o
analista holandês, com base nisso, não se pode descartar um ataque israelense a
Teerã, abrindo a porta para ataques iranianos tanto a Israel quanto à Arábia
Saudita, ‘independentemente dos recentes sorrisos de escárnio no BRICS’ – Irã e
Arabia Saudita foram convidados a entrar no grupo dos grandes emergentes.
Israel é uma potência nuclear e o Irã está muito próximo de alcançar o mesmo
status.
Se Israel iniciar uma guerra terrestre em
Gaza, o Hezbollah no Líbano ameaça atacar Israel. As forças israelenses se
veriam em uma sangrenta guerra de outras frentes, se milícias iranianas na
Síria e no Iraque também forem ativadas. Analistas chamam atenção também para
possibilidade de uma intifada ser deflagrada na Cisjordânia.
Tudo isso poderia desestabilizar o Líbano, a
Jordânia e o Egito, que tem eleições em dezembro. O analista do Rabobank nota
que a população pró-palestina no Egito já está irritada com a alta inflação, e
dois turistas israelenses foram mortos a tiros por um policial egípcio em
Alexandria no fim de semana. Vale lembrar a importância do Canal de Suez, no
Egito, para o comércio mundial. E a Rússia, envolvida até o pescoço na Síria,
teria capacidade persistente de desestabilização.
O acúmulo de incertezas aumenta. E
evidentemente deteriora a confiança das empresas e dos consumidores sobre as
perspectivas da economia.
Nesta segunda-feira, outra notícia na frente
econômica é a confirmação de queda da produção industrial da Alemanha pelo
quarto mês consecutivo. Os riscos de recessão aumentaram na maior economia da
Europa. Ao mesmo tempo, a coalizão no poder, formada por social-democratas,
liberais e verdes, sofreu uma derrotada em eleições nos estados da Baviera e de
Hesse. A extrema-direita obteve mais votos que os verdes, por exemplo.
Um comentário:
Vai piorar!!!
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