Folha de S. Paulo
Celso Sabino e André Fufuca são dois troféus
que não valem a missa prometida por PP e União Brasil
O gesto de revolta das cúpulas dos partidos
caiu no vazio da maré de adversidades que assola a oposição
O senador Ciro Nogueira (PP-PI) anda falando
em público o que seus companheiros de campo político dizem aos sussurros pelos
cantos: a
direita está abusando do direito de errar.
A oposição trocou de lugar com o governo, que até pouco tempo atrás era campeão nos tropeços. Parecia não haver remédio para a turma de Lula (PT), tanto que os adversários deram o toque da debandada. O fim de setembro foi estipulado como prazo para o desembarque do PP e da União Brasil, unidos numa federação de 109 deputados federais e 15 senadores.
Pois a data fatal chegou e o que se tem em
cena são duas possíveis vagas nos ministérios do Turismo e dos Esportes para o
presidente preencher conforme suas conveniências, dois ministros relutantes na
saída e que nos ensaios de despedida ainda dão apoio à reeleição do petista.
Em termos de afirmação oposicionista, Celso
Sabino (União-PA, ministro do Turismo) e André Fufuca (PP-MA, dos Esportes) são
troféus que não valem a missa prometida. Lula não perde nada e ainda ganha
cargos na administração federal para distribuir, caso os filiados à federação
deem mesmo adeus aos empregos país afora.
O desembarque, por ora, é de araque. O gesto
das cúpulas dos dois partidos acabou por cair no vazio dos erros aos quais se
refere Ciro Nogueira, um político experiente que conhece o lado adversário por
dentro. Já foi entusiasta e aliado de governos do PT.
As demais legendas do centrão, integrantes da
aliança desde sempre bamba, preferiram não se precipitar, deixando
as coisas como estão para ver como ficarão adiante. Nem por isso escaparam
de sofrer os efeitos da afoiteza dos parceiros de planos para a próxima
eleição.
Agora falta um ano, com Lula em campanha
aberta, e os adversários reféns das esperanças vãs de um condenado.
As marés viram, é verdade, mas vai dar
trabalho se livrar da armadilha dos extremistas que pregaram sua marca na
direita, ora identificada com manobras antirregimentais, motins, tentativa de
anistia disfarçada e toda sorte de agressões ao bom senso.
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