Presidente da Assembleia Nacional diz que María Corina Machado será investigada por traição por discursar como representante do Panamá
Parlamentar pode ser presa a qualquer momento
'Sou deputada enquanto o povo quiser', respondeu legisladora
Agências internacionais
O presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Diosdado Cabello, afirmou nesta segunda que a deputada de oposição María Corina Machado perdeu seu mandato e está proibida de entrar na Casa. Corina negou a cassação, em declaração publicada no Twitter.
Cabello afirma que Corina violou os artigos 191e 149 da Constituição do país ao aceitar o cargo de representante suplente do Panamá ao solicitar o direito à palavra em uma sessão da OEA (Organização dos Estados Americanos).
"Senhor Cabello: eu SOU deputada da AN [Assembleia Nacional] enquanto o povo da Venezuela assim o quiser", reagiu Corina, após anunciar sua chegada a Lima, no Peru, para participar de um seminário a convite da Fundación Liberdad, do escritor Mario Vargas Llosa.
Na última sexta-feira, o Panamá havia cedido a sua cadeira na sessão da OEA (Organização dos Estados Americanos) para que a deputada fizesse um relato sobre a situação no país, que vive intensos protestos, contra o presidente, Nicolás Maduro, desde o início de fevereiro.
Os embaixadores dos Estados-membros da OEA aprovaram, no entanto, o pedido da missão venezuelana para que fosse retirado o ponto da agenda dedicado à situação no país, fazendo com que Corina perdesse a palavra.
Cabello, que lidera a maioria governista da Assembleia Nacional, ainda disse que Corina será investigada por "traição à pátria".
"Ela não tem mais imunidade parlamentar, pode ser detida a qualquer momento sem prévia notificação de ninguém", disse Cabello, em sua fala.
O artigo 191 afirma que nenhum deputado "pode aceitar ou exercer cargos públicos sem perder seu mandato, exceto em atividades docentes, acadêmicas, acidentais ou assistenciais, sempre que não suponham dedicação exclusiva". Já o artigo 149 diz que nenhum deputado pode aceitar cargos e honras de governos estrangeiros sem autorização da Assembleia Nacional
Corina é uma das vozes mais estridentes da oposição venezuelana, ao lado de Henrique Capriles, ambos pertencentes à Mesa de Unidade Democrática.
O líder de outro partido de oposição, Leopoldo López, da Vontade Popular, está preso desde fevereiro, acusado pelo governo de incitar distúrbios para lograr um golpe de Estado. Prefeitos oposicionistas também foram detidos por forças nacionais na última semana, também acusados de fomentar os protestos.
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