Lucinda Pinto, Antonio Perez, Téo Takar, Silvia Rosa e Luciana Seabra – Valor Econômico
SÃO PAULO - O mercado financeiro embarcou em uma onda de entusiasmo movida pelo aumento das chances de troca de governo no país e também pela perspectiva de liquidez farta no mundo. Com os juros negativos nas economias desenvolvidas, investidores globais reforçam a busca por melhores oportunidades de retorno, quesito no qual a economia brasileira se destaca.
As pesquisas apontando a candidata do PSB, Marina Silva, como favorita sustentam apostas em um esperado ajuste na economia, que inclui política fiscal mais austera e menor intervenção em estatais e no câmbio, o que abriria espaço para a queda dos juros ao longo do tempo. Esses elementos justificaram a disparada da bolsa - que ontem subiu 1,89% e chegou a ultrapassar os 61 mil pontos, fechando em 60.950, maior nível desde janeiro de 2013 - e a queda do dólar.
Desde que a candidatura de Marina Silva passou a ser cogitada, após a morte de Eduardo Campos há duas semanas, o Ibovespa subiu 7,99%. As ações de empresas vinculadas ao risco eleitoral puxaram a alta. Os papéis da Petrobras, a principal delas, avançaram 16,12%. Só ontem, Petrobras PN subiu 4,57%.
Os investidores compraram a ideia de que haverá uma gestão macroeconômica mais favorável com Marina. Entre gestores, porém, há o temor de um certo exagero nos movimentos de mercado, com risco de alguma reversão. Ontem, por exemplo, o dólar caiu 0,79%, mas existe a convicção de que, no médio e longo prazos, a tendência é de desvalorização do real. O fundamento é o discurso dos principais assessores econômicos de Marina, principalmente de Eduardo Giannetti, favorável ao câmbio flutuante e menos artificial.
Um importante gestor de recursos observa que o mercado financeiro pode estar "comprando sonhos". Para ele, por maior que seja o otimismo, os empresários vão querer ver o novo governo em funcionamento antes de realmente fazer investimentos. Uma das preocupações é com o diálogo entre Marina e o Congresso Nacional, o que pode travar o governo. Outro ponto de desconfiança é com a posição histórica da candidata em defesa do meio ambiente.
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