quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Luiz Carlos Azedo: O fim do túnel

• Na medida em que se revelou forte candidata à Presidência, Marina passou a ser um alvo fixo para os adversários, que apontam os seus pontos fracos

- Correio Braziliense

O candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, aproveitou o debate da TV Bandeirantes para acenar aos agentes econômicos com uma luz no fim do túnel em relação ao cenário de estagflação da economia: o anúncio do nome de Armínio Fraga para o Ministério da Fazenda.

O tucano tenta uma manobra de flanco com dois objetivos: primeiro, pôr em xeque a presidente Dilma Rousseff (PT), que se recusa a fazer uma autocrítica em relação à política econômica, cujo fracasso é apontado, pelos agentes econômicos, como de responsabilidade dela; segundo, obrigar a candidata do PSB, Marina Silva, a ir além da proposta de adoção do famoso tripé de estabilização da economia (superavit fiscal, câmbio flutuante e centro da meta de inflação).

“Quando eu anuncio que, se vencer as eleições, o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga será o meu ministro da Fazenda, estou sinalizando de forma muito clara que temos quadros qualificados e que a nossa proposta não é improvisada. Ela é consistente e é a partir da boa condução da economia que nós, brasileiros, vamos ver o Brasil voltar a crescer de forma sustentável e gerando mais bem-estar para todos”, diz Aécio.

Transparência fiscal, previsibilidade e respeito aos contratos, na avaliação dos tucanos, são temas que unificam o mundo da produção nas críticas ao governo Dilma. Mas Aécio também dispara contra Marina: “O Brasil não é para amadores. A complexidade dos problemas que nós temos pela frente demanda experiência e quadros”.

“Desconstrução”
A entrada da ex-senadora acriana na disputa mudou radicalmente o cenário eleitoral. Na medida em que se revelou forte candidata à Presidência, Marina passou a ser um alvo fixo para os adversários, que apontam os seus pontos fracos. Apoiada por uma coligação de pequenos partidos, Marina é acusada de inexperiência administrativa.

A candidata do PSB desbancou a presidente Dilma Rousseff como franca favorita na disputa presidencial, mas seu projeto de poder ainda é ambíguo e frágil, quando nada porque está sendo elaborado em pleno voo. Os adversários a acusam de querer governar o país com um time de “sonháticos”.

São notórias as contradições de Marina e sua Rede com os demais integrantes da coligação que a apoia, inclusive o PSB, que se considera um mero “partido hospedeiro”. A presidente Dilma Rousseff e o tucano Aécio Neves tentam desconstruir a imagem de Marina a partir daí.

Os adversários ainda não sabem muito bem como farão isso, pois foram surpreendidos por uma candidata que surgiu de última hora devido a uma fatalidade. Até a morte trágica do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, a disputa eleitoral estava polarizada entre petistas e tucanos. O fenômeno se repete há cinco eleições, desde 1994.

Ao contrário de Dilma e de Aécio, que se digladiavam diariamente há mais de um ano, a candidata do PSB combatia à sombra, como mera coadjuvante na disputa presidencial, sem a imprensa em seu encalço, desde quando o registro da Rede foi negado. Agora, tudo mudou: terá a vida virada pelo avesso, com o passado vasculhado pelos adversários e os velhos desafetos regionais protagonizando ataques à retaguarda.

O debate
Um amigo fez uma pesquisa no local de trabalho com 10 colegas sobre o debate entre os candidatos a presidente da República: nenhum deles o havia assistido. Tem sentido: a Band registrou cinco pontos, o que daria meio colega de firma. No mesmo horário, a Globo registrou 13 pontos; o SBT, seis; e a Record, cinco.

Entre os formadores de opinião, porém, o evento foi um sucesso total. Varou a madrugada a polêmica sobre a atuação dos candidatos no Twitter (121 mil tuitadas) e no Facebook (5,1 milhões de curtidas, comentários e postagens). Petistas, tucanos e marineiros foram à luta nas redes, cada qual com uma avaliação mais favorável ao desempenho de seus candidatos. Entraram também em campo as equipes que operam a campanha na internet, profissionalmente, com ampla vantagem para o esquema petista. Dilma ganhou de goleada.

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