• Marco Maia, relator da CPI da Petrobras, disse que cúpula da estatal deve ser trocada
Andréia Sadi, Gabriel Mascarenhas e Mariana Haubert – Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - O Palácio do Planalto foi pego de surpresa nesta quarta (17) com a declaração do relator da CPI da Petrobras, o petista Marco Maia (RS), de que Graça Foster e os demais diretores da Petrobras não têm mais condições de continuar dirigindo a empresa.
Foi a primeira vez que um membro do PT defendeu publicamente a troca na diretoria da estatal após as denúncias da Operação Lava Jato.
Segundo assessores presidenciais, Dilma Rousseff se irritou com a fala de Maia, principalmente por ele ocupar função chave na CPI, e escalou o ministro Ricardo Berzoini (Relações Institucionais) para rebater o deputado. Nas últimas semanas, o papel de defesa da estatal tem sido executado por José Eduardo Cardozo (Justiça).
Em entrevista nesta quarta, Berzoini disse que o governo tem total confiança na gestão de Foster e da sua diretoria. Ele elogiou ainda os procedimentos adotados pela empresa para investigar as denúncias de corrupção.
"[Falei] Em relação a uma declaração que o relator da Petrobras fez como análise política e não com juízo em relação ao seu relatório e que pode evidentemente gerar apreciações equivocadas sobre a opinião que é nossa e de todos que conhecem o desempenho, a competência e o compromisso da Graça Foster com a Petrobras", disse. Segundo ele, sempre que alguém fizer comentários sobre Graça, o governo irá se manifestar.
Marco Maia alterou seu relatório final nesta quarta para incluir o pedido de indiciamento de cerca de 50 suspeitos de participar do esquema de corrupção na estatal.
Na lista há os ex-diretores da petroleira Paulo Roberto Costa, Nestor Cerveró e Renato Duque, e dois ex-gerentes, Pedro Barusco e Silas Oliva. Mas nem o afastamento de Graça e dos atuais diretores, nem o seus indiciamentos constam do relatório final.
Por falta de quórum, a CPI encerrou as atividades desta quarta sem votar nenhum dos relatórios apresentados.
A sessão, suspensa à tarde, recomeçou após as 21h. Reuniões de CPIs só podem ocorrer quando não há votações na Câmara e no Senado.
Após confusão --alguns parlamentares diziam ainda havia votações no Senado--, a comissão deu início à apreciação do relatório de Maia.
Antes que a votação fosse concluída, porém, a sessão foi encerrada por falta de quórum. Nova reunião foi marcada para esta quinta (18).
Nesta quarta, a oposição apresentou relatório paralelo à CPI pedindo abertura de processo de improbidade contra Dilma e indiciamento de Graça.
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