• Pezão, Paes e família Picciani também atuam em articulação
Marcelo Remigio - O Globo
A proposta de salvação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha ( PMDB- RJ), tem sido costurada também por uma tropa de choque do PMDB fluminense, que tomou a frente de negociações entre o peemedebista e o Palácio do Planalto. Reunindo o governador Luiz Fernando Pezão; o líder do partido na Câmara, Leonardo Picciani; o presidente da Assembleia Legislativa ( Alerj), Jorge Picciani; e o prefeito do Rio, Eduardo Paes, o grupo tem intermediado conversas com Cunha. Jorge e Leonardo Picciani se revezaram terçafeira em telefonemas para o presidente da Câmara.
Pai e filho mostraram que as opções para que se mantenha na Casa, sem um acordo com o Palácio do Planalto, se esgotaram. No início das negociações, Cunha chegou a demonstrar alguma resistência.
As negociações, que continuaram ontem, foram monitoradas pelo governador Pezão, principal interlocutor de Dilma no Rio. Paes também tem agido nessa costura.
— Foi colocado para o Eduardo ( Cunha) que não restou opção para ele, a não ser evitar a colisão com o Planalto. O confronto com Dilma, na avaliação desse grupo do Rio, joga o presidente da Câmara dentro do processo de cassação por falta de decoro — afirma um peemedebista fluminense que acompanha as negociações. — Ele está isolado. E sabe que não pode contar com a fidelidade da oposição. Petistas e peemedebistas articulam a maioria no Conselho de Ética. Sem contar que será difícil para a opinião pública entender como o presidente da Câmara, submetido ao conselho, pode levar à frente um processo de impeachment.
O confronto entre o Planalto e Cunha tem fortalecido a ligação de Dilma com Pezão, com quem ela tem conversado quase diariamente nas últimas semanas. O governador do Rio assumiu a posição de articulador do governo no estado. Paes e a família Picciani também se aproximaram do Palácio do Planalto nos últimos meses.
— Eduardo Cunha tem uma arma e apenas uma bala. Ou seja, sua única possibilidade de manobra é negociar o impeachment. Com isso, ele também permaneceria à frente da presidência da Câmara — sugere um deputado peemedebista próximo à família Picciani.
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