- Folha de S. Paulo
Se depender do ministro da Justiça, o governo vai cair atirando. A uma semana da votação do impeachment no Senado, Eugênio Aragão diz que a presidente é alvo de uma "acusação ridícula" e será afastada num processo "viciado".
Há 50 dias no cargo, o ministro volta a metralhadora contra a Procuradoria-Geral da República, o Supremo Tribunal Federal e o vice-presidente Michel Temer, prestes a assumir a cadeira de Dilma Rousseff.
Procurador de carreira, Aragão se diz em "estado de choque" com a PGR, de onde se licenciou em março. Ele sustenta que não havia motivo para investigar a presidente e diz que o vazamento do pedido de abertura de inquérito foi uma "molecagem".
"Quem vazou isso teve um objetivo claro: interferir no processo político. Foi criminoso. O momento é muito grave para que as instituições se comportem como moleques", ataca.
"As acusações chegam a ser pueris. É uma história sem pé nem cabeça. A presidente nunca fez nenhum pedido para obstruir investigações. Temos todos os motivos para acreditar que o processo é político", afirma.
Para o ministro, o STF foi conivente com abusos no processo de impeachment. "O Supremo lavou as mãos", critica. "Infringir o processo legal é muito grave, e ele está sendo violado o tempo todo. Mas só quiseram cuidar do aspecto formal".
Aragão também contesta as declarações de ministros do tribunal de que as instituições brasileiras estão funcionando bem. "É claro que não estão. Isso cheira a piada", afirma.
Ele se diz indignado com a desenvoltura de Temer, que distribui convites para seu futuro governo. "Isso é muito feio. É muito deselegante, para dizer o mínimo", ataca.
O ministro promete deixar um relatório de gestão, mas não transmitirá o cargo ao sucessor. "O que está sendo feito é um processo vil, um assalto a um governo constitucional. Não tem transição. O que tem, quando muito, é um velório", afirma, sobre o provável fim da Era Dilma.
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