• Ex-presidente da Andrade Gutierrez depôs em ações que contestam no TSE chapa formada pela petista e Michel Temer
Beatriz Bulla e Rafael Moraes Moura - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - Em depoimento à Justiça Eleitoral nesta segunda-feira, 19, o executivo Otávio Azevedo, ex-presidente da Andrade Gutierrez, confirmou que houve pagamento de propina disfarçado de doação oficial à campanha presidencial de 2014 que elegeu Dilma Rousseff, segundo fontes que acompanham as investigações.
O depoimento serve para instruir as ações contra a chapa formada por Dilma e pelo então candidato a vice, Michel Temer, que tramitam no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
De acordo com fontes ouvidas pelo Estado, Azevedo disse que a Andrade Gutierrez repassou R$ 15 milhões oriundos de propina pelas obras da construção da usina de Belo Monte ao diretório nacional do PT. Deste valor, cerca de R$ 1 milhão foi encaminhado pelo partido à campanha de Dilma de 2014.
Ele prestou depoimento em São Paulo ao corregedor-geral da Justiça Eleitoral, ministro Herman Benjamin, relator das investigações no TSE. O executivo Flávio Barra, ex-Andrade Gutierrez, também foi ouvido.
À Justiça Eleitoral, Azevedo afirmou que a empresa pagava propina de 2% sobre os valores de todos os contratos firmados com o governo federal.
Cobrança. Segundo fontes que acompanharam os depoimentos, Azevedo disse que a empresa doaria R$ 10 milhões à campanha de Dilma em 2014, mas dobrou o valor diante da pressão de Edinho Silva e Giles Azevedo – ex-ministro e ex-assessor da petista, respectivamente. A doação, segundo ele, servia para manter o “status quo” dos contratos com o governo.
O executivo foi questionado sobre a diferença entre a doação à campanha de Dilma e a realizada à campanha do então candidato à Presidência pelo PSDB, Aécio Neves. Segundo ele, no caso de Aécio não houve pedido em troca de contrapartida.
As ações no TSE foram propostas pelo PSDB no fim de 2014 e investigam suposto abuso de poder político e econômico. Se o TSE entender que houve desequilíbrio, pode retirar de Dilma, hoje cassada, o direito a disputar eleições. Para Temer, as investigações podem causar a perda de mandato.
Procurada, a defesa de Dilma não se manifestou até a conclusão desta edição.
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