- Folha de S. Paulo
A cada semana que passa, médicos aprendem mais sobre a doença
A epidemia de Covid-19 exigirá de cada um de nós um enorme esforço pessoal. O objetivo primordial da estratégia de supressão é evitar o colapso da rede hospitalar e, assim, reduzir o número de óbitos por falta de atendimento, um tipo de morte capturável pelas câmeras e que nossas sociedades veem como especialmente perverso. O objetivo secundário é ganhar tempo.
E por que o tempo é importante? Vários motivos. A cada semana que passa, médicos aprendem mais sobre a doença. O tratamento hoje dispensado aos pacientes com complicações já é melhor do que o de quando a Covid-19 apareceu, no final do ano passado.
Também podemos esperar algum progresso na frente das terapias e vacinas. A pesquisa está a todo o vapor em todo o mundo. Imunizantes e fármacos novos devem demorar, mas temos um amplo arsenal de drogas já aprovadas nas prateleiras das farmácias, e é possível e até provável que uma ou uma combinação delas apresente resultados. Mesmo que não venha a cura, uma redução no tempo de internação dos pacientes críticos já traria, no agregado, um bem-vindo alívio no fluxo dos hospitais.
Até a evolução pode ajudar. Não se trata de uma lei de ferro, mas existe uma tendência de vírus se tornarem menos patogênicos ao longo do tempo. Cepas menos virulentas costumam infectar mais gente, roubando espaço ecológico das variantes mais agressivas.
O mais fundamental, porém, é que o tempo dá aos sistemas de saúde e aos governos a oportunidade de se preparar para a segunda onda da epidemia e os surtos subsequentes. Isso significa providenciar, nas quantidades que forem necessárias, itens como ventiladores, equipamentos de proteção individual e, principalmente, testes. São os testes que permitirão, mais à frente, determinar qual é a população que já tem anticorpos contra a Covid-19 e, se a imunidade se confirmar, liberá-la para o trabalho, dando início à retomada econômica.
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