quarta-feira, 9 de novembro de 2022

Bruno Boghossian - O braço partidário do golpismo

Folha de S. Paulo

PL sustenta falsas suspeitas para manter controle de bancadas e nutrir expectativa de voltar ao poder

Valdemar Costa Neto sempre foi conhecido pela habilidade de navegar pelas águas da política com um pé em cada canoa. O presidente do PL fez jus à fama em seu primeiro pronunciamento após a eleição. Em 50 minutos, ele anunciou que a sigla vai para a oposição, celebrou a formação de uma bancada de 99 deputados e lançou Jair Bolsonaro à Presidência em 2026 —mas evitou reconhecer o resultado das urnas.

O chefe do PL decidiu oferecer um braço partidário para o bolsonarismo pelos próximos quatro anos. As declarações dadas por ele nesta terça (8) mostram que a legenda está disposta a bancar a operação política do presidente derrotado e também dar sustentação às falsas suspeitas sobre a eleição.

Valdemar condicionou o reconhecimento do resultado da votação ao relatório do Ministério da Defesa sobre as urnas eletrônicas, que será divulgado nesta quarta-feira (9). Os militares não são avalistas de nenhuma eleição, mas o dirigente topou fazer o jogo de Bolsonaro.

Tudo indica que a Defesa não tem elementos para comprovar uma fraude no processo eleitoral, mas a pasta deve anunciar conclusões ambíguas o suficiente para preservar o discurso dos bolsonaristas.

A dobradinha entre o PL e os militares fornece uma estrutura para preservar o golpismo como ferramenta política. Mesmo na oposição, o presidente e seus seguidores querem alimentar suspeitas sobre a votação. Valdemar aceitou manter essa sombra no palanque.

O próprio chefe do PL foi obrigado a reconhecer o tamanho da sandice. Ao comemorar a eleição de deputados, senadores e governadores, ele disse que a votação valeu. Depois, precisou admitir que o questionamento do resultado poderia ameaçar os vitoriosos da sigla.

O presidente do PL sabe que não é possível comprar o bolsonarismo pela metade. Vale tudo para manter o controle das maiores bancadas do Congresso, renovar um fundo partidário vultoso e nutrir a expectativa de voltar ao poder em quatro anos.

3 comentários:

ADEMAR AMANCIO disse...

Bolsonaro voltando daqui quatro anos...

ADEMAR AMANCIO disse...

Só Jesus na causa.

Anônimo disse...

Esse pomba gira não volta mais não ele vai baixar noutro terreiro