O Globo
Lula subiu a rampa, Bolsonaro fugiu para a
Disney e seus seguidores continuaram nas portas dos quartéis. A permanência dos
extremistas criou um problema para o novo governo. Se não for resolvido logo,
poderá ganhar contornos de crise institucional.
Ao assumir o Ministério da Justiça, Flávio
Dino prometeu investigar os responsáveis por atos contra o resultado das urnas.
“O extremismo não deve ter lugar neste país”, afirmou. A 500 metros dali, o
novo ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, preferiu apostar na acomodação.
Afagou os bolsonaristas e classificou os acampamentos pró-golpe como
“manifestações da democracia”.
Dino mandou a Polícia Federal apurar todas as tentativas de ruptura desde o segundo turno. Citou os bloqueios ilegais de rodovias e o quebra-quebra em Brasília no dia da diplomação do presidente. Acrescentou que praticar atos terroristas e incitar as Forças Armadas contra o poder civil são “crimes gravíssimos e imprescritíveis”. “A democracia tem o dever se se defender daqueles que querem destruí-la”, concluiu.
Nomeado com a bênção de generais, Múcio
voltou a dizer o que a caserna quer ouvir. Falou em “espírito conciliador” e
disse ter amigos e parentes acampados. Ao ser questionado sobre a permanência
dos atos golpistas, opinou que “aquilo deve se esvair”. Alguém precisa avisá-lo
que sua autoridade pode se esvair antes.
Em conversas reservadas, Dino já demonstrou
impaciência com a situação. Sugeriu que pode acionar a PF caso o Exército
continue a se omitir nos próximos dias. A solução não é a ideal porque a
maioria dos radicais está acampada em área militar.
Se o impasse evoluir para um conflito entre
os ministros, o presidente poderá ser chamado a arbitrar. Nos discursos de
posse, ele indicou pouca disposição para negociar com golpistas.
Múcio é um político jeitoso, acostumado a
costurar acordos com sorrisos e tapinhas nas costas. A lábia pode funcionar com
o Centrão, mas a extrema direita fala outra língua. Há duas semanas, o Supremo
permitiu que a bolsonarista Carla Zambelli entregasse livremente as armas que
guardava em casa. Ontem a PF descobriu que ela tentou enganar a Corte,
escondendo duas pistolas e um revólver.
2 comentários:
Conheço um cassetete bom para resolver esses problemas, e tem até um nome 'feminino':
Pau-lá-Neles
Violência não resolve,só vai piorar.Aquele pessoal precisa de cadeia e oração.
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