O Globo
Ex-presidente é o principal responsável
pelos ataques em Brasília, que tiveram leniência de políticos e apoio
financeiro
Os prédios que representam os três Poderes
foram profanados por golpistas e vândalos, que queriam atingir a própria
democracia. É preciso seguir a linha de responsabilidade pelo que aconteceu em
Brasília. Se o país não apurar e punir organizadores, financiadores e
autoridades coniventes continuará convivendo com episódios como os de ontem.
Foram muitos os sinais de leniência em relação aos terroristas que ontem vandalizaram prédios símbolos do poder da República. Os terroristas puderam se preparar com calma, tempo e a certeza da impunidade. Antes de tudo, é preciso ficar claro: o movimento é resultado do trabalho diário, constante durante quatro anos – e que permaneceu impune – do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele é o principal responsável pelo que aconteceu ontem em Brasília, mesmo estando, covardemente, a 6.100 quilômetros da capital brasileira.
O governo do Distrito Federal é conivente
com o que aconteceu e uma das provas mais evidentes disso é ter nomeado
Anderson Torres como secretário de Segurança, após todas as demonstrações que
ele deu como ministro da Justiça de ser um leal servidor do bolsonarismo. As
declarações do governador Ibaneis Rocha de ontem foram apenas uma forma de
tentar se blindar. Ele poderia e deveria ter protegido a capital dos
terroristas que começaram a desembarcar no sábado na cidade.
O procurador-geral da República, Augusto
Aras, dissolveu todos os grupos nas procuradorias que atuavam no combate aos
atos antidemocráticos e o fez em novembro, quando o país já vivia a tensão do
golpismo. O ministro da Defesa, José Múcio, minimizou a movimentação dos
golpistas em frente aos quartéis, disse que tinha “parentes e amigos” nos
acampamentos, que os extremistas eram “casos isolados” e avaliou que o
movimento ia “se esvair”. No caso de José Múcio, ele deveria vir a público
dizer que se enganou na sua avaliação. No mínimo.
O país colheu nesse domingo amargo o que
Bolsonaro plantou. Ele plantou o golpismo. O presidente da Câmara, Arthur Lira,
o protegeu, engavetando todos os pedidos de abertura de processo de
impeachment. O procurador-geral da República, Augusto Aras, o protegeu
impedindo todas as ações contra ele. Os comandantes militares que acabaram de
deixar os postos passaram sinais aos manifestantes, quando demonstraram falta de
respeito ao comando hierárquico do presidente Lula. Empresários financiaram os
atos no Brasil todo e até agora não foram identificados e responsabilizados.
Tudo isso somado alimentou o golpismo. A única forma de combatê-lo é punir, e
não apenas as centenas de pessoas presas em flagrante.
4 comentários:
Coluna perfeita! Parabéns à jornalista e ao blog que divulga o trabalho dela!
Muitos plantadores ajudaram o GENOCIDA a espalhar suas ervas daninhas...
Quero ver é quando puxarem a ponta do fio da meada (linha de responsabilidade) que liga diretamente os bolsoterroristas ao anão-general comandante das ações bolsonaristas
Disse tudo!
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