sexta-feira, 9 de agosto de 2024

Bruno Boghossian - Entre Maduro e a oposição

Folha de S. Paulo

Ex-chanceler teve apenas prudência radical, mas queixa mostra posição delicada do Brasil na mediação da crise

Caiu mal na oposição venezuelana uma declaração de Celso Amorim sobre o impasse em torno da eleição no país. Em entrevista à GloboNews, o ex-chanceler demonstrou frustração com o segredo de Nicolás Maduro sobre as atas de votação e acrescentou: "Eu também não tenho confiança nas atas da oposição".

Dentro da prudência radical que é recomendada a quem pretende ser árbitro de uma disputa perigosa, Amorim não falou nenhum absurdo. Se o Brasil exige a divulgação dos documentos oficiais, não haveria razão para declarar fé antecipada nos papéis apresentados por apenas uma das partes. Mas também não era preciso dizer o contrário.

As atas coletadas pela oposição são o principal argumento do grupo para contestar o resultado declarado por Maduro. Sem direito de recorrer ao órgão eleitoral e diante de tribunais dominados pelo regime, os adversários do chavismo dependem de uma análise desse material para sustentar seus questionamentos.

Os opositores queriam que os países que fazem a intermediação da crise dessem um bom nível de crédito ao material apresentado por eles. Afinal, os adversários do regime ao menos mostraram alguns documentos e os submeteram ao escrutínio público, enquanto Maduro mantém seus papéis sequestrados.

Há um limite para esse pleito. Órgãos independentes avaliaram as atas em posse da oposição, que representam 80% das seções eleitorais, e apontaram que Edmundo González derrotou Maduro. Já o Brasil, a Colômbia e o México, corretamente, sustentam a necessidade de uma verificação do resultado a partir da documentação completa.

A queixa dos partidários de González reflete a posição delicada do governo brasileiro na crise. Além de manobrar dentro das fronteiras da tolerância de um ditador como Maduro, o país também precisa manter a confiança da oposição para buscar o que se pode chamar de saída negociada. Fora dessas linhas, a Venezuela estará entregue ao regime e ainda pode explodir num conflito grave.

 

3 comentários:

Anônimo disse...

Desde que a Venezuela se tornou um palco possível para instalações de mísseis da Rússia e da China nesse contexto Atual de conflito os Estados Unidos considera essa questão como segurança nacional , já estão com navios de guerra nas costas da Venezuela e aumentaram as sanções do estado e dos membros do governo Bloqueando Ativos de personagens governamentais e impedindo a sua viagem para os Estados Unidos Parece que dessa vez o problema não vai só se resumir as discussões Internas e o Lula , esse esquerdista fundador do foro de São Paulo, logo logo vai ser desmascarado como um apoiador dissimulado do maduro e de todas as ditaduras mundo afora

Anônimo disse...

Pelo visto essa questão da Venezuela virou briga de cachorro grande
O Lula nessa é um Pinscher zero velho e cansado

ADEMAR AMANCIO disse...

Verdade.