sexta-feira, 11 de março de 2011

CUT retoma defesa do fim do imposto sindical

Nos últimos três anos, as principais centrais sindicais receberam R$200 milhões; Força Sindical é contrária à proposta

Maria Lima

BRASÍLIA. No encontro de hoje no Palácio do Planalto entre a presidente Dilma Rousseff e as centrais sindicais, a CUT vai retomar a proposta de se acabar com o imposto sindical obrigatório, que seria substituído por uma contribuição negociada com os trabalhadores de cada sindicato. Além da redução da jornada de trabalho, do fim do fator previdenciário e da correção da tabela do Imposto de Renda, a CUT, na contramão das outras centrais sindicais, principalmente da Força Sindical comandada pelo deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), cobrará da presidente Dilma o envio ao Congresso de projeto acabando com a cobrança compulsória do imposto sindical.

Nos últimos três anos, as principais centrais receberam mais de R$200 milhões do imposto. A CUT, como maior central, ficou com a maior fatia: R$26,7 milhões em 2009. Mas a central quer tirar poder da Força, que depende muito mais do imposto obrigatório. A CUT também não perderia muitos recursos, com o novo tipo de imposto (chamado de negocial), já que tem uma rede de sindicatos mais fortes que as centrais menores.

É em março que todo trabalhador com carteira assinada tem descontado um dia de trabalho, independentemente de ser sindicalizado ou não. Em 2008 a arrecadação foi de R$1,3 bilhão. Parceira da Força Sindical em 2008, quando acabou aderindo ao pesado lobby pela aprovação da cobrança compulsória, a CUT quer agora retomar o assunto - isso depois de três anos recebendo o repasse automático do imposto. Mas está isolada.

Hoje, a CUT cobrará de Dilma o cumprimento do acordo fechado em agosto de 2008 entre governo e dirigentes sindicais, por ocasião da aprovação no Congresso do repasse automático do imposto para as centrais. O acordo, defendido pela CUT na ocasião, previa o envio de projeto do Executivo ao Congresso para acabar com o imposto sindical e criar a contribuição da negociação coletiva, a ser aprovada em assembleia.

Em 2008, as centrais comemoraram a aprovação da manutenção da cobrança obrigatória do imposto sindical. Um dos que mais brigaram na época contra o projeto, o deputado Augusto Carvalho – na foto - (PPS-DF) fez ontem no plenário um discurso cobrando de Dilma o fim da cobrança.

- São beneficiados com esse imposto os pelegos que ficam criando sindicatos de carimbo para pegar essa bolada que é descontada no salário do trabalhador agora no mês de março.

Presidente da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Antonio Neto diz que a posição da CUT é politica e que as outras centrais discordam.

Depois de ficar numa situação desconfortável durante a votação do salário mínimo de R$545, quando parte do PDT na Câmara votou a favor dos R$560, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, deve ser reconduzido à presidência do partido, na convenção nacional do dia 25. A garantia dos pedetistas, agora, é que o partido votará integralmente com o governo na próxima votação polêmica: o reajuste de 4,5% da tabela do IR, de acordo com o presidente da legenda, Manoel Dias.
FONTE: O GLOBO

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