Devagar e sem pirotecnias, o Brasil atuou decisivamente para uma posição consensual dos países emergentes diante da crise -ou guerra civil, como admite o Itamaraty- em que mergulhou a Líbia.
Enquanto EUA e Reino Unido, por exemplo, ameaçavam com "ações militares", os países do Bric e do Ibas bateram pé para evitar um novo Iraque: qualquer reação armada e até uma zona de proibição de voos na Líbia têm de passar pelo Conselho de Segurança da ONU.
O mundo é outro. Os EUA entraram no Iraque sem saber como sair, e o rastro é desolador.
Depois, contaminaram todos os continentes com a sua crise financeira. Barack Obama tem de ter um olho na opinião pública interna, que não quer nem ouvir falar em guerra e em crise, e outro no cenário internacional, que está mais equilibrado.
Olhar o mundo, hoje, significa olhar e ouvir também os emergentes. A China, sobretudo, mas também Brasil, Índia, Rússia e África do Sul têm peso crescente não só na economia, mas também na política. As decisões, antes exclusivas de Washington, passeiam pela Europa e por todos esses países antes de se transformarem em ações.
Para a diplomacia brasileira, é hora de administrar ganhos, recuperar perdas e agir em bloco, não de buscar protagonismo. Discreto e demasiadamente formal em suas entrevistas, o chanceler Antonio Patriota aparece pouco, mas não está calado nem parado.
Ele se reuniu com chineses e indianos e depois passou a terça-feira de Carnaval com ministros da Índia e da África do Sul (grupo Ibas). Resultado: uma nota que, nos itens 23 e 24, apoia exclusivamente posições consensuais na ONU.
Com dificuldades internas, diante de novas eleições e sob os traumas do Iraque e da crise de 2009, é improvável que Obama queira desdenhar dos emergentes. Logo, os países árabes estão exibindo de fato um novo mundo -interna e internacionalmente.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
Enquanto EUA e Reino Unido, por exemplo, ameaçavam com "ações militares", os países do Bric e do Ibas bateram pé para evitar um novo Iraque: qualquer reação armada e até uma zona de proibição de voos na Líbia têm de passar pelo Conselho de Segurança da ONU.
O mundo é outro. Os EUA entraram no Iraque sem saber como sair, e o rastro é desolador.
Depois, contaminaram todos os continentes com a sua crise financeira. Barack Obama tem de ter um olho na opinião pública interna, que não quer nem ouvir falar em guerra e em crise, e outro no cenário internacional, que está mais equilibrado.
Olhar o mundo, hoje, significa olhar e ouvir também os emergentes. A China, sobretudo, mas também Brasil, Índia, Rússia e África do Sul têm peso crescente não só na economia, mas também na política. As decisões, antes exclusivas de Washington, passeiam pela Europa e por todos esses países antes de se transformarem em ações.
Para a diplomacia brasileira, é hora de administrar ganhos, recuperar perdas e agir em bloco, não de buscar protagonismo. Discreto e demasiadamente formal em suas entrevistas, o chanceler Antonio Patriota aparece pouco, mas não está calado nem parado.
Ele se reuniu com chineses e indianos e depois passou a terça-feira de Carnaval com ministros da Índia e da África do Sul (grupo Ibas). Resultado: uma nota que, nos itens 23 e 24, apoia exclusivamente posições consensuais na ONU.
Com dificuldades internas, diante de novas eleições e sob os traumas do Iraque e da crise de 2009, é improvável que Obama queira desdenhar dos emergentes. Logo, os países árabes estão exibindo de fato um novo mundo -interna e internacionalmente.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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