sexta-feira, 11 de março de 2011

Stédile suspende trégua e critica Dilma

Coordenador do MST cobra reforma agrária; Justiça condena José Rainha

EUNÁPOLIS (BA) E SÃO PAULO. O coordenador do MST, João Pedro Stédile, depois de um período de silêncio e trégua na gestão Lula, voltou ontem à carga. Em visita a Itamaraju, a 743 km de Salvador, Stédile fez críticas e deu palpites na gestão da presidente Dilma Rousseff. Segundo ele, o governo tem de dar mais de R$1 bilhão para indenizar cerca de 700 fazendeiros Brasil afora, cujas propriedades já teriam sido vistoriadas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Com o pagamento, seria possível fazer a distribuição de terras no país.

Para o líder do MST, não falta dinheiro ao governo e sim dar prioridade às causas sociais.

- É tudo uma questão de prioridade, e vamos cobrar dela (de Dilma) essa posição, pois as famílias não podem ficar na lona - declarou, criticando depois Dilma por não ter nomeado ainda uma pessoa para ocupar o cargo de presidente do Incra:

- São mais de dois meses e nada de nomeação. O governo não pode fazer loteamento partidário e colocar alguém lá que não venha a entender nada de reforma agrária. Esse é um cargo técnico, como é com o Banco Central, onde o governo não colocar qualquer um - disse Stédile, afirmando ter marcado para breve encontro com Dilma.

A assessoria de imprensa do Incra informou, por meio de nota, que "há hoje 467 processos de obtenção de terras para a reforma agrária, por meio de desapropriação, referentes a imóveis rurais já decretados pelo presidente da República".

Em São Paulo, a Justiça condenou o líder sem-terra José Rainha Júnior a quatro anos e um mês de prisão no regime semiaberto pelo crime de furto durante a invasão de uma fazenda no Pontal do Paranapanema, interior paulista, em 2000. Na época, Rainha comandava o Movimento dos Sem-Terra (MST) no Pontal do Paranapanema.

Na sentença, divulgada ontem pelo Tribunal de Justiça, o juiz Fernando Salles Amaral determinou ainda o pagamento de multa equivalente a um salário mínimo. À decisão cabe recurso.

Outros 12 réus denunciados, entre eles, a mulher de Rainha, Diolinda Alves de Souza, e o irmão dele, Roberto Rainha, tiveram a pena fixada em 3 anos e 6 meses, mas acabaram absolvidos, pois foram beneficiados com a prescrição do crime. Segundo o Código Penal, penas inferiores a 4 anos prescrevem oito anos após a denúncia. Neste caso, ela foi feita em 2002.

FONTE : O GLOBO

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