sexta-feira, 24 de junho de 2011

Gráfica contratada por campanha de Cabral é alvo da PF

Polícia investiga se Soroimpress, que em 2010 forneceu material para 83 candidatos, é empresa de fachada

Segundo assessoria do governador, não é feita checagem de endereço de fornecedor; empresa não foi localizada

Italo Nogueira e Jean-Philip Struck

RIO/SÃO PAULO - A Polícia Federal investiga um dos fornecedores de adesivos para a campanha de reeleição do governador Sérgio Cabral (PMDB). A Soroimpress Comércio de Produtos Gráficos, com características de empresa de fachada, recebeu R$ 33 mil na eleição do peemedebista.

O inquérito tem como investigados apenas Cabral e a empresa -a relação entre ambos foi revelada pela Folha em outubro do ano passado. Mas a Soroimpress forneceu material de campanha para 83 candidatos e dois partidos. Recebeu, no total, R$ 5 milhões.

O Comitê Financeiro Único do PMDB-RJ, principal doador da campanha de Cabral, pagou R$ 523 mil à empresa. O principal cliente da Soroimpress foi o senador Lindberg Farias (PT), que pagou R$ 640 mil. Ele não é investigado no inquérito.

No endereço declarado como sede da empresa havia um prédio em construção.

As sócias que constavam no contrato social eram duas senhoras de 84 anos. Uma não foi localizada no endereço indicado à Junta Comercial. A outra pouco sai de casa, segundo funcionários do prédio onde ela vive.

Em março, a PF pediu esclarecimentos a Cabral, mas ainda não recebeu resposta.

A assessoria do governador manteve a resposta dada durante a campanha, quando afirmou que não faz "checagem de endereços" dos fornecedores de campanha.

Disse que divulgou o interesse na compra de adesivos "no mercado" e recebeu a oferta da empresa. Alegou ainda que a Soroimpress estava ativa na Receita Federal à época da contratação.

A assessoria disse que o governador ainda não respondeu à PF porque ainda não foi "intimado pessoalmente a se manifestar".

Lindberg Farias afirmou, após a eleição, ter escolhido a empresa porque ela não apresentava pendências na Receita e ofereceu garantias de preço e prazo de entrega. A Folha não localizou representantes da empresa.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO


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