PMDB anunciará
apoio de Chalita a Haddad
Partidos já negociam cargos na prefeitura em caso de vitória; PRB de
Russomanno resiste a selar acordo
Peemedebistas selaram aliança em encontro de Lula e Temer; Chalita deve
anunciar adesão hoje em ato com petista
Catia Seabra, Bernardo Mello Franco e Luiza Bandeira
SÃO PAULO - O ex-presidente Lula e o vice-presidente Michel Temer fecharam
ontem o apoio do PMDB ao candidato do PT, Fernando Haddad, no segundo turno da
disputa pela Prefeitura de São Paulo.
Os petistas se comprometeram, em caso de vitória, a dar ao partido aliado um
espaço na prefeitura semelhante ao que os peemedebistas têm hoje em Brasília. O
partido controla cinco pastas no governo Dilma Rousseff.
A aliança deve ser anunciada hoje em ato com as presenças de Haddad e do
candidato derrotado do PMDB, Gabriel Chalita, que ficou em quarto lugar na
eleição com 13,6% dos votos válidos.
O PRB de Celso Russomanno, que ficou em terceiro com 21,6% dos votos, ainda
resiste a aderir a Haddad. Dirigentes dos dois partidos se reuniram ontem à
noite, mas não fecharam acordo.
A aliança com o PMDB foi selada ontem de manhã em reunião na casa de Temer,
no Alto de Pinheiros (zona oeste). Além da entrega de secretarias municipais,
foi negociada a participação de vereadores da sigla em subprefeituras caso
Haddad se eleja.
O PMDB também cobrou apoio petista em Natal e Florianópolis, onde tem
candidatos no segundo turno.
O partido ainda pediu a incorporação de cinco pontos do programa de Chalita
à plataforma de Haddad, incluindo a implantação das UPAs (Unidades de
Pronto-Atendimento) no setor de saúde.
"Nossa aproximação vai ser com base em propostas. Chalita defendeu a
questão das UPAs, da educação integral, e nós vamos estudar essas
questões", disse Haddad.
A exigência foi feita pelo candidato derrotado do PMDB para justificar a
aliança à sua base eleitoral.
Ele temia que seus aliados ligados à Igreja Católica rejeitassem um acordo
por causa da cartilha anti-homofobia elaborada para o Ministério da Educação na
gestão de Haddad. O material foi apelidado de "kit gay" e gerou forte
reação no meio religioso.
O tema atrasou o acordo com o PMDB, previsto inicialmente para domingo.
O comando da campanha também evitou um anúncio ontem para que a aliança não
desaparecesse em meio ao noticiário sobre a condenação do ex-ministro José
Dirceu por corrupção ativa no julgamento do mensalão.
A aliança começou a ser costurada anteontem em encontro entre Temer e Dilma.
Ela pediu que a negociação fosse conduzida com Lula.
Russomanno
Antes da reunião com o PRB, o secretário-geral do PT, Elói Pietá, disse à
Folha que Dilma não dará outro ministério ao partido em troca de apoio a
Haddad. "Se ela não deu um ministério ao PR no primeiro turno, não tem por
que dar ao PRB no segundo."
Em junho, Dilma rejeitou trocar o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio
Passos, para atrair o PR. A sigla encerrou a negociação e deu apoio a José
Serra (PSDB).
A presidente, no entanto, fez duas mudanças em sua equipe para ajudar
Haddad. Entregou uma secretaria do Ministério das Cidades ao ex-prefeito Paulo
Maluf (PP) e deu o Ministério da Cultura à senadora Marta Suplicy.
"Não pedi e não pedirei espaço no governo", disse à noite o
presidente do PRB, Marcos Pereira.
Fonte: Folha de S. Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário