quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Serra fica no PSDB e fortalece Aécio

Cortejado pelo PPS, que lhe ofereceu candidatura ao Palácio do Planalto, ex-governador de São Paulo decide permanecer no ninho tucano, depois de dois encontros com senador mineiro

Daniel Camargos

Aécio Neves (MG), presidente do PSDB e senador: "Serra não colocou nenhuma condicionante para ficar no PSDB. Não exigiu nem isso, nem aquilo, ao contrário, ele reconheceu que era esta a sua casa, uma casa que ele ajudou a construir ao longo dos últimos 25 anos e onde ele tem inúmeros amigos.

O ex-governador de São Paulo José Serra anunciou ontem que vai continuar no PSDB, colocando um ponto final na ameaça feita no fim do ano passado, depois de que ele perdeu para o PT a disputa pela prefeitura da capital paulista. Cortejado por outros partidos que chegaram a lhe oferecer a possiblidade de se candidatar ao Planalto, em especial o PPS, Serra aproveitou o anúncio de que vai ficar no ninho tucano para atacar o partido da presidente Dilma Rousseff. "A minha prioridade é derrotar o PT, cuja prática e projeto já comprometem o presente e ameaçam o futuro do Brasil", afirmou ele, em nota publicada em sua página pessoal no Facebook. O ex-governador, porém, não deixou claro se pretende concorrer a algum cargo nas próximas eleições. A decisão foi tomada após dois encontros com o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), pré-candidato do partido à Presidência da República. A primeira reunião entre os dois foi na quinta-feira da semana passada e a segunda anteontem, em um apartamento na Zona Sul de São Paulo.

O mistério sobre o futuro de Serra foi desfeito às vésperas do fim do prazo para troca de filiação de quem pretende disputar a eleição do ano que vem, no sábado. Serra foi derrotado duas vezes na eleição para o Palácio do Planalto. A primeira em 2002, quando perdeu no segundo turno para Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A segunda oito anos depois, quando foi vencido também no segundo turno pela presidente Dilma Rousseff. No ano passado, perdeu a capital paulista para o ex-ministro da Educação Fernando Haddad (PT).

Após o anúncio da decisão, Aécio concedeu entrevista coletiva em Brasília e publicou nota no site do partido. O senador garantiu que o ex-governador poderá escolher o papel que quiser na campanha do ano que vem e aproveitou para descartar a possibilidade de realizar prévias. "Vou ser absolutamente claro. Serra, não colocou nenhuma condicionante para ficar no PSDB. Não exigiu nem isso, nem aquilo, ao contrário, ele reconheceu que era esta a sua casa, uma casa que ele ajudou a construir ao longo dos últimos 25 anos, onde ele tem inúmeros amigos", disse.

O presidente do PSDB não poupou elogios ao correligionário. "Serra tem capital político e capital eleitoral, algo raríssimo hoje de se encontrar no Brasil. É uma história que honra a vida pública brasileira. Desde a luta pelas liberdades e pela democracia, na resistência, o tempo inteiro com absoluta coerência, nos cargos que ocupou sempre com extrema eficiência e correção", afirmou Aécio.

A despeito de ter sido o único protagonista do último programa do partido em rádio e televisão, sinalizando que o partido está fechado com o seu nome, o senador concluiu a nota publicada no site tucano dizendo que ainda não é o momento de definir a candidatura do partido. "A presença de José Serra em nossas fileiras fornece a nós, tucanos, e aos partidos aliados uma opção de grande dimensão política a ser avaliada no momento e segundo critérios adequados para o sucesso da luta comum", escreveu ele.

Serra, por sua vez, não citou o senador mineiro na nota publicada após o anúncio. Ressaltou que ajudou a criar o PSDB e que a legenda será para ele "a trincheira" adequada para derrotar o PT. "A partir dela me empenharei para agregar outras forças que pretendem dar um novo rumo ao país", anunciou. O tom da nota seguiu batendo no governo Dilma. "O Brasil não pode continuar vítima de uma falsa contradição entre justiça social e desenvolvimento. É preciso pôr fim a esse impasse, que, na verdade, acaba punindo os mais pobres, incentivando a incompetência e justificando erros grosseiros na aplicação de políticas públicas", defendeu.

Fonte: Estado de Minas

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