Por Claudia Safatle - Valor Econômico
BRASÍLIA - O vice-presidente Michel Temer, em jantar com Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, ouviu um relato "dramático" sobre a situação da economia brasileira. A gravidade estaria, de certa forma, camuflada nas últimas semanas pelo impacto da melhora do mercado internacional e pela perspectiva do impeachment da presidente Dilma Rousseff. O Tesouro Nacional e os Estados perdem receitas, a situação da Petrobras é delicadíssima e a estatal vai precisar de injeção de capital.
Isso coloca para o eventual futuro presidente da República grandes desafios, que começam pela dificuldade na formação de uma boa equipe econômica e pela definição de uma tática para conduzir as reformas necessárias. Armínio não quer participar do provável novo governo e isso ficou claro durante o jantar.
Outros nomes foram mencionados para ocupar o comando da equipe econômica, como o de Murilo Portugal, atual presidente da Febraban, do senador José Serra e do ex-presidente do BC, Henrique Meirelles. São perfis totalmente distintos, cada um com vantagens e desvantagens. Marcos Lisboa, que trabalhou na assessoria de Antônio Palocci na Fazenda, seria uma quarta possibilidade, mas também já avisou que não aceitaria.
Portugal, que foi secretário do Tesouro no governo de FHC, tem o aval de Armínio e o apoio do ex-ministro Delfim Netto. Serra tem o inconveniente de ser candidato natural à Presidência em 2018 e Meirelles é muito identificado com o ex-presidente Lula, dizem políticos próximos a Temer.
Serra também não quer voltar a ser ministro da Saúde, função que já desempenhou no governo FHC, porque seria uma reprise e também porque o ajuste fiscal certamente deixará o ministério com poucos recursos para melhorar o atendimento à população.
Para o Banco Central, alguns dos nomes da lista apresentada à equipe de Temer são os dos ex-diretores do BC, Ilan Goldfajn e Mário Mesquita. Luiz Fernando Figueiredo, que foi diretor de política monetária, pode ocupar a presidência do Banco do Brasil.
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