Ricardo Galhardo | O Estado de S. Paulo
O líder do PT na Câmara, Carlos Zarattini (PT-SP), admitiu em entrevista à TV Estadão que a possibilidade de o partido apoiar a reeleição para a presidência da Casa de Rodrigo Maia (DEM-RJ) ou a eleição de Jovair Arantes (PTB-GO), ambos apoiadores do impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff e aliados de Michel Temer, pode ser mal recebida pela militância do partido.
“A maioria dos eleitores, principalmente aqueles que foram à luta, provavelmente não vai entender esta questão. Vão ter dificuldade de entender e assimilar essa proposta da mesma forma que eleitores do PSDB tiveram dificuldade quando o Lula governava e o Arlindo Chinaglia (PT-SP) foi eleito com apoio dos tucanos”, disse o deputado. A comparação é rejeitada pela esquerda do partido que argumenta que na eleição de Chinaglia não havia um episódio tão grave que afastasse os dois partidos como foi o impeachment.
Na semana passada, o Diretório Nacional do PT decidiu liberar a bancada para fazer acordos com qualquer candidato à presidência da Câmara. A prioridade deve ser garantir a aplicação da reciprocidade que dá ao PT, dono da segunda maior bancada, direito a assento na Mesa Diretora. Correntes de esquerda reagiram negativamente e fizeram uma campanha contra a orientação. A decisão final da bancada será tomada no dia 31, mas o próprio Zarattini admite que será impossível controlar todos os deputados, já que o voto é secreto.
Lava Jato. Autor de um projeto de lei que normatiza a prática do lobby no Brasil, Zarattini defendeu que a Câmara discuta “critérios” sobre supostos crimes praticados por parlamentares citados nas delações da Odebrecht antes de avaliar o pró- prio conteúdo dos depoimentos. “Está se criminalizando a relação empresarial com deputados. Me parece que a gente tem que fazer uma boa discussão sobre isso antes mesmo de avaliar essas delações para a gente ter critérios.” / Colaborou André Ítalo Rocha
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