“É significativo que nenhum dos dois fale em democracia nem defina que compromisso têm eles com a concepção de um verdadeiro regime democrático. Se a ambos somarmos boa parte dos candidatos de menor expressão, igualmente autoritários, na direita e na esquerda, a partir das pesquisas de opção eleitoral, teremos que pelo menos 50% dos votos são de inspiração autoritária e antidemocrática. Esse número pode chegar a 60% dos votos ou mais.
Nesse sentido, tudo fica dependendo de que surja um candidato aglutinador, com uma indiscutível bandeira democrática, que consiga convencer o eleitorado da importância da democracia, da liberdade de pensamento e de divergência, e do direito à diferença. Se isso não acontecer, no curto tempo que nos resta, o Brasil estará entrando no beco sem saída de uma democracia de papel.”
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José de Souza Martins é sociólogo. Professor Emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. Membro da Academia Paulista de Letras. Entre outros livros, autor de “A Política do Brasil Lúmpen e Místico” (Contexto). ‘Adeus à democracia?’, Valor Econômico, 27/4/2018.
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