Presidente da Câmara defendeu que o Congresso não entre em conflitos com o Executivo
Danielle Brant | Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), evitou nesta terça-feira (10) alimentar atritos com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e defendeu que o Congresso não entre em conflitos com o Executivo para não ajudar o governo a “jogar o Brasil numa recessão”.
As declarações foram feitas por Maia na tarde desta terça, antes de se encontrar com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB-SP), adversário político e potencial rival de Bolsonaro nas eleições presidenciais de 2022.
Em Miami, Bolsonaro sugeriu que o Congresso rejeite os projetos enviados na semana passada pelo Executivo e que colocam R$ 19 bilhões de um total de R$ 30,8 bilhões nas mãos de parlamentares.
O presidente sugeriu que, se isso ocorresse, poderia diminuir a adesão aos protestos marcados para o próximo dia 15 em apoio ao governo.
O próprio Bolsonaro convocou seus apoiadores a aderirem às manifestações, que têm em sua origem críticas ao Congresso e ao STF (Supremo Tribunal Federal).
Maia, em resposta, afirmou que o Congresso não pode fazer parte desse tipo de narrativa. “Se nós entrarmos nesse conflito, nós vamos estar ajudando o governo a jogar o Brasil numa recessão”, disse.
“É por isso que a gente tem que ter a mesma paciência, o mesmo equilíbrio que o Parlamento teve no ano passado, quando todo mundo achou que em determinado momento não se votava mais nada aqui, nós aprovamos uma reforma da Previdência histórica nas duas casas sob meu comando e o comando do presidente [do Senado] Davi [Alcolumbre]”.
O presidente da Câmara disse que não vai “jogar lenha nessa fogueira” porque isso vai “colocar mais brasileiros na pobreza, vai tirar mais crianças das escolas e vai gerar mais brasileiros trabalhando com subempregos, sem carteira assinada e sem proteção social”.
Para Maia, os conflitos entre os Poderes no ano passado tiveram parcela de culpa no crescimento de 1,1% do PIB (Produto Interno Bruto) do país em 2019, percentual bem inferior aos 2,5% inicialmente projetados pelo mercado financeiro.
“É óbvio que esses conflitos, para quem vai investir a médio e longo prazo, é claro que gera uma insegurança e certamente tiveram parte de culpa na queda da projeção do investimento e no resultado final do investimento”, disse. “Nesse 1,5% que nós perdemos, certamente uma parte disso tem relação com meio ambiente, tem relação às vezes na falta de harmonia entre os Poderes”.
Maia disse ainda que vai esperar no máximo duas semanas para que o governo encaminhe sua proposta de reforma administrativa. “A gente já apresentou a nossa PEC [Proposta de Emenda à Constituição] da reforma tributária ainda no final da votação da reforma previdenciária. A reforma administrativa da Câmara já está pronta, aguardando a do governo”.
O presidente da Câmara definiu as reformas como “importantes”, mas voltou a dizer que elas não vão “resolver o problema da economia no curto prazo” por causa da complexidade do sistema.
“A gente precisa que o governo, no comando desse país, venha a público e organize os próximos passos na questão do curto prazo, para que os efeitos da crise no curto prazo não sejam tão grandes, e a médio e longo prazo, em conjunto com o Parlamento, a gente possa votar essas matérias que a gente já vem defendendo desde o ano passado”, disse.
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