Os sapatos envelheceram depois de usados
Mas
fui por mim mesmo aos mesmos descampados
E
as borboletas pousavam nos dedos de meus pés.
As
coisas estavam mortas, muito mortas,
Mas
a vida tem outras portas, muitas portas.
Na
terra, três ossos repousavam
Mas
há imagens que não podia explicar: me ultrapassavam.
As
lágrimas correndo podiam incomodar
Mas
ninguém sabe dizer por que deve passar
Como
um afogado entre as correntes do mar.
Ninguém
sabe dizer por que o eco embrulha a voz
Quando
somos crianças e ele corre atrás de nós.
Fizeram
muitas vezes minha fotografia
Mas
meus pais não souberam impedir
Que
o sorriso se mudasse em zombaria
Sempre
foi assim: vejo um quarto escuro
Onde
só existe a cal de um muro.
Costumo
ver nos guindastes do porto
O
esqueleto funesto de outro mundo morto
Mas
não sei ver coisas mais simples como a água.
Fugi
e encontrei a cruz do assassinado
Mas
quando voltei, como se não houvesse voltado,
Comecei
a ler um livro e nunca mais tive descanso.
Meus
pássaros caíam sem sentidos.
No
olhar do gato passavam muitas horas
Mas
não entendia o tempo àquele tempo como agora.
Não
sabia que o tempo cava na face
Um
caminho escuro, onde a formiga passe
Lutando
com a folha.
O tempo é meu disfarce
Nenhum comentário:
Postar um comentário