Folha de S. Paulo
Retirada de direitos não traz modernização,
mas sim políticas de fomento
Ao sancionar a reforma trabalhista em 13 de
julho de 2017, o
ex-presidente Michel Temer (MDB) e o então deputado federal Rogério Marinho
(PSDB-RN) posaram em frente a um painel onde se lia:
"Modernização trabalhista, direitos garantidos e novas
oportunidades". Mais de quatro anos depois, entretanto, o Brasil sofre com
baixo crescimento econômico, com a contínua retirada de direitos e confirma sua
condição de exportador de matéria-prima.
Muito já foi dito sobre os graves prejuízos que
a reforma
de 2017 impôs aos trabalhadores.
Agora vamos tratar de outro ponto que mostra que a reforma não entregou o que
prometeu: a desindustrialização.
O ambiente econômico caminha hoje no
sentido contrário ao da propalada modernização, como mostram diversos estudos.
Dados da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Unido) mostram que entre 2005 e 2020 o Brasil passou do 9º para o 14º lugar no ranking de industrialização global.
Perdemos também 36,6 mil indústrias entre
2015 e 2020, incluindo
a Ford e a Mercedes-Benz, como mostra levantamento da Confederação Nacional
do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) para o jornal O Estado de S.
Paulo.
A leitura desses dados revela não apenas o
bloqueio de uma cadeia de produtividade, desenvolvimento e inovações, mas
sobretudo uma perda
expressiva de empregos de qualidade, uma vez que a indústria é o setor que
oferece melhores condições, maior amparo legal e maiores rendimentos para os
trabalhadores.
Não é o que acontece em países altamente
industrializados como EUA e China, que sofreram muitas perdas com a pandemia de Covid-19, cujos
governos investiram vultosos volumes de dinheiro para superar a crise e
reforçar o dinamismo econômico. Nestes países, assim como em outros com os
quais disputávamos posições no ranking da industrialização, a indústria
4.0 já está disseminada, e os empregos caminham para setores mais
dinâmicos dos serviços, com grande ênfase na tecnologia. Nos EUA, é importante
ressaltar, o
presidente Joe Biden tem valorizado os sindicatos como entidades que
garantem salários melhores, condições mais dignas de trabalho e assistência
para as famílias.
Na contramão desse movimento, os
brasileiros, muitos dos quais já usam o forno a lenha por não
poder pagar o gás, são incentivados a parar de usar o elevador e a tomar banhos
frios. Isso é um flagrante de que o Brasil de Temer e Jair Bolsonaro é
muito mais a cara dos Flintstones do que dos Jetsons.
Com a aposta deliberada dos últimos
governos no setor primário e extrativista, em detrimento do industrial, o
Brasil reitera sua posição no cenário internacional como exportador
de commodities e importador de tecnologia.
Resta esclarecer que a modernização não
nasce da retirada de direitos, mas sim de políticas de Estado que fomentem
industrialização, infraestrutura, educação, pesquisas, inovações e apoio às
micros e pequenas empresas, além de programas de geração de empregos e
distribuição de renda para vencer a pobreza com justiça social,
sustentabilidade, liberdade e democracia.
*Miguel Eduardo Torres
Força Sindical/CNTM
José Reginaldo Inácio
NCST
Paulo Cayres
CNM/CUT
Francisco Pereira da Silva
(Chiquinho)
UGT
Alvaro Egea
CSB
Nivaldo Santana
CTB
Eunice Cabral
Conaccovest
Eliseu Silva Costa
Federação dos Metalúrgicos - São Paulo
Marcelino Rocha
FITMetal/CTB
Sergio Luiz Leite
Fequimfar
Antonio Vitor
Fetiasp
Antônio Silvan Oliveira
CNTQ
João Carlos Juruna Gonçalves
Força Sindical
Nenhum comentário:
Postar um comentário