terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

Poesia | João Cabral de Melo Neto: A literatura como turismo

Certos autores são capazes
de criar o espaço onde se pode
habitar muitas horas boas:
um espaço-tempo, como o bosque.

Onde se ir nos fins de semana,
de férias, até aposentar-se:
de tudo há nas casas de campo
de Camilo, Zé Lins, Proust, Hardy.

A linha entre ler conviver
se dissolve como em milagre;
não nos dão seus municípios,
mas outra nacionalidade,

Até o ponto em que ler ser lido
é já impossível de mapear-se:
se lê ou se habita Alberti?
se habita ou soletras Cádis?

Um comentário:

ADEMAR AMANCIO disse...

Cabral e sua poesia enxuta.