Revista IstoÉ
O objetivo do nazifascista bolsonarista é de produzir o caos no processo eleitoral. Os extremistas não conseguem conviver com a pluralidade de ideias
A campanha presidencial deste ano caminha,
ao menos até o momento, a privilegiar temas que são instrumentais para obter a
vitória eleitoral, mas não são os que realmente importam para o futuro do País.
Os candidatos escolhem o terreno que preferem palmilhar, porém é fundamental
redirecionar o debate eleitoral para os grandes problemas nacionais. O
privilegiamento da pauta de costumes por parte de Jair
Bolsonaro faz parte de uma estratégia de
campanha que busca ocultar o desastre do combate à pandemia, os casos de
corrupção e a falta de vitrine de realizações – afinal, o governo foi o pior da
história republicana. Desviando para a pauta de costumes – e Lula já caiu
recentemente nesta armadilha –, Bolsonaro reforça seus laços com sua base
evangélica, legitima o discurso dos pastores e sinaliza para os
bolsonaristas-raíz que ele continuará realizando o que eles chamam de “guerra
ideológica.”
É importante destacar que a pauta de costumes tem sua relevância. Contudo, Bolsonaro rebaixa a discussão da questão com palavras vulgares e conclusões pueris. Demonstra uma ira pré-fabricada e constrói um passado que nunca existiu. A negação do presente e das novas contradições do mundo contemporâneo é um meio de buscar a polarização para fidelizar seus fanáticos seguidores. A eleição, portanto, é um mero pretexto para envenenar a sociedade brasileira com novos e velhos preconceitos distribuídos a esmo e sem nenhuma base científica.
Ao invés de tratar de milhões de crianças
que passam fome, não têm acesso à escola, vivem em condições miseráveis e sem
perspectivas de um futuro melhor, Bolsonaro vai, por exemplo, direcionar seu
discurso para a proibição do aborto e a tentativa da “esquerda” de editar uma
Bíblia gay – que deverá ser um dos motes da campanha desse ano substituindo o
“kit gay” de 2018. Tudo sempre com muita mentira e temperado com teorias
conspirativas e tendo no “gabinete do ódio” o instrumento para espalhar
rapidamente as fakes news.
O objetivo central do nazifascista bolsonarista é de produzir o caos no processo eleitoral. Os extremistas não conseguem conviver com a pluralidade de ideias, com o debate democrático, com a divergência. Seu mundo é o do confronto, do ódio, da ignorância, do ressentimento, da vulgaridade. Teremos a eleição mais importante desde a redemocratização. O desafio aos democratas é de não cair na armadilha bolsonarista, que fará de tudo para transformar o processo eleitoral em uma guerra do Brasil consigo mesmo.
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