O Estado de S. Paulo
Eleições e governos vêm e vão, mas as prioridades do País continuam: democracia, igualdade, justiça e dignidade
A eleição foi muito tensa e acabou bem apertada, mas é hora de
conciliação, de pacificar o país, acalmar os ânimos e arregaçar as mangas para
aquecer a economia, com inclusão social e bem-estar geral, ouvindo o clamor do
presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva pela união do Brasil.
“Quero que famílias e vizinhos voltem a
conversar. Pode ser bolsonarista e lulista, não pode mexer com nossa relação
pessoal, familiar. Meu compromisso é com a harmonia na sociedade brasileira”,
disse Lula ao votar, antes de o País saber da ação nefasta da PRF, nitidamente
para dificultar o voto de eleitores lulistas.
A manifestação dele, além de revelar certeza na vitória, é um apelo para a união nacional, com um governo muito além do PT (gostem ou não os petistas radicais) e remete para a minha experiência no primeiro turno. Num bairro e num DF onde Jair Bolsonaro foi majoritário, um bolsonarista, sabendo que eu tinha de correr para o aeroporto e para o Rio, para uma cobertura difícil, até de madrugada, articulou para eu passar na frente. Bolsonaristas e petistas, unidos num gesto de gentileza e fraternidade. Foi emocionante. Esse é nosso Brasil, generoso, miscigenado, acolhedor.
Vamos deixar mágoas e rancores de lado,
respeitando o direito do outro de votar, mesmo que o voto em Lula pareça
absurdo para um bolsonarista e o voto em Bolsonaro, para um lulista. Daqui a
vinte anos, a história dirá quem tem motivo de orgulho.
Torcida para dar certo não significa,
porém, carta branca para o futuro presidente, qualquer que fosse ele, fazer o
que bem entende. É preciso, sim, um compromisso contra a violência, o ódio e a
intolerância, como pediu o Papa Francisco aos brasileiros, mas sem abdicar do
direito e do dever de acompanhar e vigiar as decisões do presidente, os rumos
do governo, o equilíbrio republicano, o respeito à independência dos Poderes,
as negociações com o Congresso.
Eleições e governos vêm e vão, mas as
prioridades do País continuam: democracia, igualdade, justiça e dignidade. A
vigilância também, e isso vale principalmente para a mídia, que, tão atacada, é
fundamental para jogar luzes sobre a realidade e combater as fakenews, uma das
mais assustadoras ameaças do nosso tempo.
Bom terceiro governo para Lula, paz e
reflexão para Bolsonaro, juízo e moderação para os dois lados e que os próximos
anos sejam de transição, com menos fome e violência e mais saúde e educação.
Jamais seremos uma democracia plena com nosso povo na miséria. Vai firme, Lula!
E lembre-se do que já admitiu antes: você não tem (mais) o direito de errar.
2 comentários:
De novo com a inexistente simetria entre petistas e bolsonaristas. Cantanhêde, acorde, Cantanhêde. O gado NÃO aceitou a derrota. Já paralisou algumas estradas e pensa em MAIS.
Qd vc admitirá q o gado é vândalo e o petista, ordeiro?
Ninguém é santo nesta história,mas a diferença entre os dois lados é abissal.
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