O Globo
Não faz sentido subsidiar a gasolina.
Ponto. É combustível fóssil, há déficit fiscal e quem se beneficia tem carro,
não são os mais pobres
O governo vai reonerar a gasolina, e essa é
a melhor decisão, mas foi travada publicamente uma batalha desnecessária entre
o Ministério da Fazenda e o PT, que dá um péssimo sinal do que pode ser a
administração econômica do país. A principal pessoa a ser ouvida nessa questão,
pelo presidente Lula, é o ministro Fernando Haddad. É ele que tem que
administrar um cofre onde faltam R$ 230 bilhões, é ele que conduz a política
fiscal e econômica do país, é ele que administra expectativas em ambiente de
incerteza econômica. Mas a decisão certa sofreu um bombardeio de palpites da
ala política do governo e de petistas da direção partidária.
Haddad foi atropelado uma vez, logo no começo do governo nesse mesmo assunto. Ele disse que a desoneração iria acabar, e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, o desautorizou numa entrevista em que avisou que o imposto não voltaria. O presidente Lula manteve a desoneração do diesel até o fim do ano, e a da gasolina, por dois meses, prazo que se encerra hoje.
Gleisi Hoffmann usou uma rede social para
uma série de postagens, no fim de semana, contra a volta dos impostos federais
sobre combustíveis. Foi seguida por outros petistas. O problema é que de novo o
alvo foi o ministro Haddad, que já disse publicamente que é a favor da volta do
imposto. E ele está certo fiscal, econômica, política e ambientalmente falando.
A desoneração foi uma medida eleitoreira do
ex-presidente Bolsonaro usada para tentar conquistar votos da classe média com
populismo tributário, que tirou bilhões de reais dos cofres públicos. O PT
apoiar a continuidade dessa política é cair na armadilha que Bolsonaro deixou
montada quando estabeleceu que a renúncia fiscal acabaria no último dia de
governo.
Não faz sentido subsidiar a gasolina.
Ponto. Ela é um combustível fóssil, o país tem déficit fiscal, é um benefício
regressivo porque beneficia quem tem carro, ou seja, os não pobres.
Politicamente é abonar uma escolha errada feita por Bolsonaro sobre alocação de
recursos públicos.
Quando o ministro Haddad disse que o
governo colocaria os pobres no orçamento, eu disse aqui neste espaço que no
Brasil difícil mesmo é tirar os ricos do orçamento. A luta dele em torno do
imposto da gasolina confirma essa realidade brasileira. Se você já viu alguma
cena urbana em que um carro estaciona no posto para abastecer, e na calçada em
frente há um sem-teto, pense assim: o governo que subsidia a gasolina está
preocupado com o cara do carro. E está abrindo mão de R$ 30 bilhões em um ano
para que a gasolina daquele motorista fique mais barata.
O impacto na inflação é importante, claro,
mas com preços artificiais não se faz a queda sustentável da inflação. A
manipulação de tarifas públicas e preços administrados já deu errado no
passado. Dará novamente. Além do mais, a volta do tributo melhora as contas
públicas e isso terá sem dúvida um efeito positivo.
Depois de muita discussão interna, o
governo encaminhava-se ontem à noite para a direção certa. Voltar a cobrar
impostos sobre a gasolina, deixar o etanol com um imposto menor, porque da
maneira como estava o etanol vinha perdendo competitividade e isso teria
efeitos econômicos muito ruins no país. O problema todo foi o fogo amigo que
deixou mais uma vez exposto o ministro da Fazenda. Se o processo decisório no
Ministério da Fazenda incluir sempre disparos no Twitter por perfis de pessoas
influentes, o desgaste político será muito alto.
Outra ideia defendida foi a de só reonerar
depois da definição de uma “política de preços” na Petrobras. O
ex-diretor-geral da ANP David Zylbersztajn é totalmente adversário dessa ideia.
Ele acha que não existe política de preços para uma commodity. E qualquer
decisão que não reflita esses preços internacionais gera distorções para o
mercado de combustíveis que acabam se refletindo na própria empresa. Na visão
dele, isso coloca em risco a Petrobras e cria as condições para o
desabastecimento.
O petróleo estava em US$ 99 o barril no
começo da guerra da Ucrânia. É verdade que já vinha subindo nos rumores da
guerra. Chegou a US$ 127 no dia 8 de março de 2022. Isso era usado para
justificar o subsídio. Agora, está em US$ 82. O petróleo está no patamar que
estava antes do conflito. Mais um motivo para não haver subsídio.
4 comentários:
OU agrada quem tem carro ou respeita o pagamento dos funcionarios publicos do estado. Simples assim. Gostaram tanto do modelo de goberno do Bozo que querem repeti-lo mesmo nas coisas indecentes. Paa que mudar de presidente? Isto chama-se inveja do Bozo, com certeza.Nao da para confiar em politico essa e a verdade, sao todos do mesmo saco.
Essa A
"amante" e uma perua faladeira e chata, sao essas "coisas" que estragam o PT.
Apoiado.
Tu nao tem nem vergonha nessa cara, terrorista de esquerda.
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