quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

O melhor PIB em 13 anos e o futuro do país até 2026 - Vinicius Torres Freire

Folha de S. Paulo

Economia não mais apenas despiora, país volta a ficar mais rico; problema é saber quanto dura

Neste ano de 2024, o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) e do PIB (renda) per capita será o maior desde 2011, excetuada a recuperação de 2021, sobre o tombo da epidemia, que não conta. O PIB per capita também será o maior desde o pico de 2013. Os anos de 2022 a 2024 serão também o melhor triênio desde 2013. O Brasil parou de apenas despiorar e voltou a ficar mais rico, na média.

economia vai manter tal ritmo nos próximos dois anos? Sob quais condições? 

A pergunta é crucial e difícil, pois:

1)Ainda não há boas explicações ou dados que deem conta dos resultados muito imprevistos desde 2022

2)No horizonte, há encrenca grande: inflação em alta ainda maior, dívida pública crescendo sem controle, juros em alta para níveis inéditos desde 2015-16, afora breves momentos de 2022

3)Condições de crescimento prejudicadas: taxa de poupança em queda preocupante e previsível; taxa de investimento em alta, mas em nível baixo: está em 17,6%. Entre 2007 e 2015, esteve em 18% ao menos e, por seis anos, acima de 20%

Apesar dos pesares, a economia conseguiu decolar, com taxas de juros altas, como um besouro improvável. Sim, houve grande aumento de gasto público, direcionado a pobres, que gastam mais, mas isso era previsto e calculável.

Previsões em geral estarão erradas, por insuficiências de teoria, modelos e dados. Podem ficar ainda mais erradas por causa de choques, de imprevistos: guerra, epidemia, seca, queda de preço de commodities que exportamos, turbulência financeira externa, tumulto político doméstico etc.

Mas não houve choque que explicasse tais desvios de previsão. O crescimento previsto de 0,4% para 2022, foi de 3%; previsão de 0,8% em 2023, resultado de 3,2%. Para este 2024, previsão de 1,5%, crescimento perto de 3,5%.

Em tese, limites estão à vista. O crescimento pode ser menor em 2025, diz inclusive o Ministério da Fazenda. Para a centena de economistas que manda previsões para o Banco Central (que as publica no boletim Focus), o crescimento seria de 2% no ano que vem. Dado o tamanho aparente da encrenca, 2% seria ainda muito bom.

Quais os sinais de limites? A taxa de desemprego deve baixar a inéditos 6% neste ano. Poderá baixar a até quanto, de resto com aumentos reais de salário acima de 3% ao ano, muito acima do aumento da produtividade, sem causar alguma inflação? O Brasil pode ter taxa de desemprego americana, com tantas distorções e escassez de trabalho qualificado? O consumo privado ("das famílias") cresce muito além do crescimento da produção da economia. Há mais déficit externo.

A perspectiva de crescimento ainda mais descontrolado da dívida pública (por causa de déficits e juros pavorosos) ajuda a mandar o dólar para as alturas, outra fonte de inflação. Até quando as empresas captarão montes de recursos no mercado de capitais e o crédito bancário continuará a crescer, com tais taxas de juros? Além do mais, o crescimento do gasto público será bem menor em 2025.

É muito imprudente testar tais limites, se arriscar a criar mais problemas, que já aparecem nas nossas fuças (inflação, juros, esgotamento de fatores de produção). 2025 pode não ser o 2015 de ajuste ruim e de choque, do início da Grande Recessão e dos desastres subsequentes. Mas não convém pagar para ver. Fernando Haddad, como quase prometeu, precisa vir com mais medidas de conserto em 2025. Desta vez, com apoio de Lula.

 

 

 

 

2 comentários:

Mais um amador disse...

" O crescimento previsto de 0,4% para 2022, foi de 3%; previsão de 0,8% em 2023, resultado de 3,2%. Para este 2024, previsão de 1,5%, crescimento perto de 3,5%. "

Voo de galinha ?

🤔

Anônimo disse...

Brasil ladeira abaixo só não vê quem não quer
O dólar disparou, inflação saindo da meta , Quebradeira no comércio , fuga sem precedente de investidores estrangeiros,
Carestia nos alimentos, E o IBGE dizendo que está tudo bem