Trabalhadores,
donas de casa, chefes de família, sabem muito bem que não é possível gastar
mais do que se ganha, ano após ano. Isto resulta em endividamento progressivo
que acaba virando uma bola de neve, fora de controle. Quanto mais alta a dívida,
mais altos os juros em função do risco envolvido. A situação do governo federal
é semelhante. Desde 2014 estamos no vermelho. E fecharemos 2025 novamente em
posição deficitária. O primeiro passo para estabilizar a dívida pública é
fechar o ralo, estancar a sangria.
Diante de uma
situação assim não há mágica, nem é necessário reinventar a roda, só há duas
saídas: aumentar a arrecadação ou cortar despesas.
A primeira alternativa não é fácil. O Brasil já tem a maior carga tributária entre os países emergentes. São 34,24% do Produto Interno Bruto, segundo o Observatório de Política Fiscal do IBRE/FGV, para financiar a máquina e as políticas públicas.
Na última
quarta-feira, 25 de junho, a Câmara dos Deputados derrubou o decreto do IOF
pelo expressivo placar de 383 votos a favor e apenas 98 votos contra. No Senado
Federal, a votação foi simbólica, consolidando o cancelamento do aumento do
IOF. O Congresso Nacional é um espelho da sociedade. Deputados e senadores já
tinham sinalizado na Reforma Tributária que não admitem mais o aumento da carga
tributária, ao introduzir uma trava. Agora, mais uma vez interpretando o
sentimento majoritário na sociedade derrubou o decreto do IOF.
Na terça-feira,
a Instituição Fiscal Independente (IFI) publicou seu Relatório de
Acompanhamento Fiscal com as projeções, até 2035, dos principais indicadores
fiscais e orçamentários. Os números confirmam a marcha insustentável das
finanças públicas federais dentro das atuais regras do jogo. O déficit primário
será de 0,66% do PIB em 2025 e crescerá para 2,7% em 2035. As receitas líquidas
que representam 18,3% do PIB tendem a cair para 17,7% em 2035. Enquanto isso,
as despesas que se encontram no patamar de 18,9% do PIB continuarão a crescer e
atingirão 20,4% em 2035.
Orçamento no
vermelho, receitas caindo, despesas crescendo, resultado: dívida explodindo. A
IFI estima um crescimento da Dívida Bruta do Governo Geral dos 77,6% ao final
de 2025 para 124,9% em 2035.
A realidade pede
uma profunda reforma fiscal. Não há saída neutra e indolor. A via de aumento de
impostos parece obstruída. Só há uma saída, rever o perfil das despesas. Como?
Reavaliando as despesas tributárias (incentivos e renúncias fiscais),
revisitando o desequilíbrio da previdência, promovendo a reforma administrativa
com o aumento da produtividade dos recursos fiscais, desindexar e desvincular
despesas orçamentárias, rever programas ineficientes.
Só um amplo diálogo envolvendo Congresso, Palácio do Planalto e sociedade pode arquitetar saídas que evitem o estrangulamento operacional, já em 2027, e a deterioração completa das finanças públicas, nos médio e longo prazos
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