quinta-feira, 3 de junho de 2010

Garotinho : o X da questão no Rio

DEU NO JORNAL DO BRASIL

RIO - Os 43% dos votos que o Governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), levaria se as eleições fossem hoje, conforme indicou pesquisa Ibope/ Sindicato dos Condutores da Marinha Mercante, divulgada terça-feira no Informe JB foram comemorados pelos articulistas da pré-campanha do governador. Contudo, especialistas afirmam que Cabral ainda não tem o quê comemorar. Se Garotinho (PR) conseguir reverter a decisão do TRE-RJ que o tornou inelegível nos próximos três anos, a reeleição do governador, sobretudo no primeiro turno, pode estar ameaçada.

Para Paulo Baía, sociólogo e cientista político professor da UFRJ, a boa avaliação de Cabral é mais mérito do presidente Lula do que do desempenho do peemedebista. Baía ressalta que, em 2006, o governador só conseguiu vencer a então adversária Denise Frossard (PPS) porque contou com o apoio do casal Garotinho.

– E ainda hoje Garotinho tem os votos das zonas Norte e Oeste do Rio, da Baixada, e do interior – avalia. – Se o TSE permitir que ele fique na disputa, Garotinho certamente teria o apoio de 50 dos 92 prefeitos do estado. Haveria segundo turno. Com o próprio Garotinho ou com Gabeira.

O sociólogo, professor da Uerj, e diretor-presidente do Instituto Brasileiro de Pesquisa Social (IBPS), Geraldo Tadeu Monteiro, acredita que o bom desempenho de Cabral nas pesquisas indica que ele tem chance de vencer sem obstáculos no primeiro turno. Mas reconhece que com Garotinho na disputa o cenário muda.

– O crescimento do Cabral tem sido constante – conclui. – Tem muito a ver com a melhoria da situação da segurança no estado. Mas a presença Garotinho provoca segundo turno, seja com ele, seja com Gabeira. A possibilidade de impugnação da candidatura dele se tornou o xis do cenário eleitoral aqui no estado.

Céu de brigadeiro

Nas trincheiras do PMDB o resultado da pesquisa foi comemorado. Paulo Mello, líder do governo na Alerj e secretário geral do partido no estado, já fala em vitória no primeiro turno.

– Acho que tem chances. O governador acertou o estado, conseguiu um equilíbrio fiscal que eu nunca vi aqui no Rio – comemora – O estado recebe obras de infraestrutura importantíssimas. A saúde vai bem, as UPAs 24h são um sucesso. E tem a questão da segurança, as UPPS conquistaram o respeito e o apoio da população.

Já o vice-prefeito do Rio, e 2º vice-presidente do PMDB no estado, Carlos Alberto Muniz, preferiu a cautela, sem disfarçar a empolgação.

– Eleição se ganha voto a voto, é assim que estamos encarando esse pleito – diz – Mas, inegavelmente, essa pesquisa reflete o belo desempenho do governo. As UPPs e as UPAs são realizações de sucesso. E a parceria entre o governo federal, o governo do Rio, e a prefeitura da capital tem trazido obras estruturantes para o estado.

Melo e Muniz também afirmam, que a vantagem de 17 pontos que a pré-candidata à Presidência Dilma Rousseff (PT) abriu no estado sobre seu principal adversário, José Serra (PSDB), se deve ao apoio de Sérgio Cabral .

– O bom desempenho da Dilma no Rio é fruto da determinação do governador de levar o nome dela onde quer que ele esteja – ressalta Mello.

Tempo fechado

No PV e no PR, porém, a pesquisa não agradou. Presidente estadual do Partido Verde no Rio, desconfia do resultado que apontou a presidenciável Marina Silva com apenas 10% das intenções de voto entre os eleitores fluminenses.

– Acho estranho. Pelo levantamento que fazemos, Marina deveria ter, pelo menos, 15%. E o Gabeira já apareceu com 21%, agora tem 12%? – reclama. – Estamos certos de que no Rio ela terá a segunda melhor votação no país. A primeira, será no Acre. Ela vai crescer aqui.

No PR, o resultado também desagradou. Adroaldo Peixoto reclamou do universo da pesquisa, de 812 eleitores.

– Mas uma coisa achei positiva. O Garotinho aparece muito bem posicionado nas classes C e D, que são as que têm o maior número de eleitores – conforta-se. – E olha que ele nem começou a campanha. Certamente ele vai reverter a situação no TSE e vai poder se dedicar ao pleito, aí, deslancha. O Cabral quer ser único, porque sabe que o Garotinho o ameaça.

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