- O Globo
Se Aldemir Bendine vem a público pedir desculpas pelo que aconteceu na Petrobras nos últimos anos - ele, que chegou à presidência da estatal há pouco tempo e nada tem a ver com o que se passou (tem a ver, sim, com os repasses do Banco do Brasil, que presidia, para pagamentos de programas sociais do governo, ferindo a Lei de Responsabilidade Fiscal e a Lei do Colarinho Branco) -, o que dizer de Dilma ou Lula, responsáveis diretos pelo descalabro de corrupção e má gestão, uma consequência da outra, que dominou a empresa nos últimos 12 anos?
"Sim, a gente está com sentimento de vergonha por tudo isso que a gente vivenciou, por esses malfeitos que ocorreram. Não temos muito claro se foi de fora para dentro ou de dentro para fora. Sim, faço um pedido de desculpa em nome dos empregados da Petrobras, porque hoje sou um deles". A frase de Bendine reflete bem o clima em que a Petrobras está envolvida, depois de ter que anunciar R$ 50,8 bi de baixa contábil por corrupção e má gestão.
O número que a ex-presidente Graça Foster queria anunciar era de R$ 88 bi, o que provocou a ira de Dilma e apressou a entrada de Bendine em seu lugar. Mas, se voltarmos no tempo, e com a internet isso ficou mais fácil, vamos ver diversos discursos de Dilma e Lula justificando o que hoje está demonstrado terem sido erros em sequência no planejamento da Petrobras, a começar pela decisão de construir uma série de refinarias, todas com motivações políticas, hoje ou desaparecidas ou responsáveis por prejuízos sem recuperação.
Há o registro de um discurso de Lula anunciando o plano das refinarias, que é por si só uma explicação da má gestão que dominou a maior empresa brasileira nos anos petistas. Lula tem a desfaçatez de citar até mesmo questões técnicas com rigor científico para justificar o plano, que defenderia o meio ambiente e agregaria valor ao nosso petróleo. Tudo lorota.
As refinarias de Ceará e Maranhão não saíram nem sairão do papel e gastaram bilhões de reais na compra de terrenos e planejamentos preliminares que ficaram pelo caminho. A de Abreu e Lima, em parceria com a Venezuela de Chávez, que nunca pôs um tostão na obra, foi superfaturada e tornou-se um dos grandes focos de corrupção da Petrobras investigado pela Operação Lava-Jato.
Já Dilma, como fez na recente campanha eleitoral, mentiu sobre a gestão da empresa em 2010, referindo-se à Petrobras como grande conhecedora de suas entranhas, tudo para evitar uma CPI que estava para ser instalada. "Essa história de falar que a Petrobras é uma caixa-preta& Ela pode ter sido caixa-preta em 97, 98, 99, 2000. A Petrobras hoje é empresa com nível de contabilidade dos mais apurados do mundo. Porque, caso contrário, os investidores não a procurariam como sendo um dos grandes objetos de investimento. Investidor não investe em caixa-preta desse tipo. É espantoso que se refiram dessa forma a uma empresa do porte da Petrobras. Ninguém vai e abre ação na Bolsa de NY, e é fiscalizado e aprovado, sem ter um nível de controle bastante razoável".
Enquanto isso, os diretores nomeados pelo governo Lula e mantidos até 2012 faziam funcionar a pleno vapor a máquina de corrupção em que transformaram a Petrobras, sob supervisão da própria Dilma, que foi a responsável pela área de energia até chegar à Presidência e, sobretudo, presidente de seu Conselho de Administração por anos.
O balanço apresentado na quarta-feira pela Petrobras, mesmo se ainda incompleto, é uma demonstração do descalabro administrativo que dominou a estatal nos anos petistas, propiciando a devastadora corrupção que está sendo investigada pela Lava-Jato.
PSOL não aprovou
Recebi do líder do PSOL na Câmara, Chico Alencar, a informação de que o partido votou contra a Lei Orçamentária - simbolicamente, declarando em plenário, pois não houve votação nominal. "Não coonestamos, portanto, a triplicação do Fundo Partidário, colocada em um anexo de última hora pelo relator Romero Jucá. Na Câmara, não fui consultado", diz ele. "No Senado, Randolfe Rodrigues foi, e disse que não concordava". Segundo Chico Alencar, o PSOL não está nem um pouco preocupado com as consequências da Lava-Jato.
"Ao contrário, queremos que ela vá fundo e comprove o esquema espúrio da corrupção política e empresarial". Não é declaração de intenção, é prática concreta, garante: "Nossas campanhas no ano passado não receberam nenhum centavo das empreiteiras investigadas (nem das não investigadas). Foram realizadas, basicamente, por doações de pessoas físicas".
Nenhum comentário:
Postar um comentário