- O Globo
Por onde anda Waldomiro Diniz, braço-direito do Zé Dirceu na Casa Civil e o anjo anunciador do mensalão, flagrado em vídeo pedindo a Carlinhos Cachoeira propina para o PT - e 1% para ele mesmo? O flagrante está comemorando dez anos, os mensaleiros já foram julgados e condenados, mas nunca mais se ouviu falar do histórico Waldomiro. Não escreve, não telefona, não manda WhatsApp, estamos com saudades. Até seu chefe já puxou cadeia, mas ele continua livre, leve e solto. Que borogodó tem Waldomiro? O que ele sabe que não sabemos?
Saudades de Fernando Cavendish e sua pequena Delta, dos Vedoin, da máfia das ambulâncias, dos sanguessugas, desses ladrõezinhos dos tempos pré-petrolão, que disputavam trocados enquanto os profissionais armavam e operavam na Petrobras uma máquina monstruosa de corrupção e um projeto de manutenção do poder que nem canalhas megalomaníacos ousariam imaginar.
A crise das empreiteiras brasileiras fez surgir um peculiar nacionalismo petista: é melhor sermos roubados por compatriotas do que pagar a estrangeiros por serviços (bem) prestados.
Toda vez que Dilma diz que os malfeitos de alguns indivíduos são fatos isolados na devastação da Petrobras, debocha da inteligência alheia, fingindo que não sabe que o petrolão não tinha só ladrões vocacionais, que roubariam em qualquer governo, para qualquer partido e, principalmente, para eles mesmos, mas eram parte de uma organização criminosa formada por empreiteiras, partidos, funcionários e políticos, para saquear a empresa e os seus acionistas - o povo brasileiro - e sustentar um projeto de poder que desmoraliza a democracia e as instituições.
Se fossem só "alguns individuos", seriam uns Waldomiros, estariam soltos por aí, ninguém repararia. Mas em dez anos a arguta Dilma nunca desconfiou de nada, de como eram feitas as nomeações para diretorias, como funcionavam as concorrências e os aditivos contratuais. Como quem nunca tivesse comido melado, se lambuzava no óleo do pré-sal.
Dos 1% de Waldomiro aos 260 milhões de dólares de Pedro Barusco e Renato Duque, se passaram dez anos. Crescemos muito, mas para baixo.
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