• Grupo de deputados novatos ganhou espaço ao cobrar atitudes mais ousadas da cúpula
Por Vera Magalhães, Paulo Gama - Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - Na semana passada, o PSDB divulgou um vídeo em que oito jovens deputados, de cara amarrada e afetando indignação, descem a rampa do Congresso recitando mazelas do governo Dilma Rousseff e dizendo que vão para a rua neste domingo (16).
Alçados a estrelas da bancada do partido na Câmara, integram o grupo apelidado internamente de "cabeças pretas" do partido, em oposição aos "cabeças brancas" que compõem a cúpula e a bancada do Senado.
São cerca de 15 parlamentares que têm em comum o fato de terem entre 28 e 40 anos, serem quase todos estreantes na Câmara e virem de famílias de políticos tradicionais.
O grupo passou a ganhar espaço no partido ao cobrar da cúpula, principalmente do presidente da legenda Aécio Neves (MG), atitudes mais ousadas na oposição e na defesa da interrupção do mandato de Dilma Rousseff.
Muitas das vezes em que Aécio subiu o tom e foi criticado por tucanos mais moderados, o fez premido pelos novatos da Câmara.
O mineiro mantém a nova geração do partido sob sua influência. Designou os jovens para anunciarem o resultado da convenção que o reconduziu ao comando da sigla, em julho, e engajou a turma na convocação para as manifestações deste domingo.
O resultado é que a ala nova do PSDB é "aecista", declara apoio ao senador numa já esperada disputa com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, pela candidatura presidencial em 2018.
Os cabeças pretas têm três musas: as deputadas Mariana Carvalho (RO), 28 anos, Shéridan Oliveira (RR), 31, e Bruna Furlan (SP), que, aos 32, é a "veterana" do grupo, por estar em segundo mandato.
E há três "galãs": Pedro Cunha Lima (PB), 27, filho do senador Cássio Cunha Lima, Pedro Vilela (AL), 30, herdeiro do ex-governador Teotonio Vilela, Arthur Virgilio Bisneto (AM), 35, filho do prefeito de Manaus, Arthur Virgílio.
Como toda turma de jovens, os cabeças pretas andam em bando, vão à balada em Brasília, vivem casos amorosos e tiram onda pelo aplicativo WhatsApp.
Shéridan e Arthur Bisneto engataram um namoro depois da posse. Reservadamente, os deputados relatam paqueras malsucedidas ""inclusive com investidas dos mais velhos da bancada, devidamente rechaçadas– e brincadeiras que chegam próximas ao "bullying", como a de fotografar uma tatuagem que Bruna Furlan tem no pé e que odeia.
Na semana passada, quatro deles receberam a missão de Aécio de reorganizar a juventude do PSDB. Eles vão tentar "quebrar conceitos atrasados" e "dar uma nova cara" para o grupo.
O senador vê neles uma peça-chave para a campanha de filiação que o partido iniciou na sexta e para a tentativa de aproximar o PSDB dos movimentos da rua. Os cabeças pretas são radicalmente anti-Dilma e também não aceitam a saída Michel Temer caso a presidente não se sustente, seguindo a linha de Aécio de que o ideal seriam novas eleições.
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