• Em articulação de Temer, presidente do Senado deixou oposição a Dilma e voltou a passar para o lado da petista
Simone Iglesias e Chico de Gois - O Globo
A metamorfose do presidente do Senado, Renan Calheiros ( PMDB- AL), que passou de artífice de dificuldades para articulador de facilidades para a presidente Dilma Rousseff, começou na tarde do último dia 6, uma quinta-feira. O peemedebista estava em seu gabinete quando recebeu, por telefone, um convite para ir ao Palácio do Planalto se encontrar pessoalmente com a presidente. A ideia do chamado partiu do vice-presidente Michel Temer.
Naquele mesmo dia, Temer se reuniu com Dilma e colocou o seu cargo de articulador político à disposição da mandatária depois de se desdobrar em explicações sobre sua polêmica frase do dia anterior, na qual, depois de reconhecer que havia uma crise política no país, dissera que era preciso alguém para reunificar o país. Temer afirmou que havia sido mal- interpretado. Dilma e ele, então, discutiram o ambiente tenso no qual o governo se encontrava, quando Temer sugeriu:
— Presidente, não vale a pena investir na Câmara. O ideal é investir no Senado. Venho conversando com Renan, e, se a senhora chamá- lo e fizer um apelo, ele topa.
Renan estava afastado do Planalto desde fevereiro. Principal fiador do primeiro mandato de Dilma, virou um dos mais ferozes opositores, numa guerra não declarada. O distanciamento ocorreu após ser citado na Operação Lava-Jato. De ótima, a relação entre Renan e Dilma se deteriorou. A última conversa entre os dois tinha sido no dia 14 de julho, para tratar do pacote de ajuste fiscal, e foi considerada péssima. O recesso começou três dias depois com a promessa de que o segundo semestre seria um inferno para o governo no Congresso.
A conversa com Dilma fez Renan voltar a saltar para dentro do barco. Em vez de um abraço de afogados, a união de forças dos dois colocou a proa na mesma direção, pelo menos por enquanto. Renan sabe navegar bem, mesmo quando o mar não está para peixe. Em 2007, todos esperavam que seu barco iria a pique. Alvo de sete pedidos de cassação, enfrentou e se livrou de todos. Reuniu forças na sombra para depois voltar, transformado no tubarão que é. No início do segundo mandato da petista, porém, ela quis enlatá-lo. Mas acabou percebendo que não se pode aprisionar uma fera do tamanho de Renan num gabinete qualquer.
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