terça-feira, 18 de abril de 2017

Índice do BC surpreende e mostra crescimento da atividade econômica

Maeli Prado | Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - O indicador do Banco Central que mede o ritmo de crescimento da economia surpreendeu os analistas do mercado financeiro e registrou avanço de 1,31% em fevereiro em relação ao mês anterior.

Conhecido como IBC-Br, o índice criado para tentar antecipar a tendência do PIB (Produto Interno Bruto), ficou acima do esperado pelos analistas. Pesquisa feita pela agência de notícias Reuters apontava expectativa de um avanço de 0,55% no período.

O bom resultado foi atribuído a mudanças na metodologia de cálculo da atividade dos setores de comércio e serviços e à expectativa de safras recordes de grãos neste ano.

Na comparação com fevereiro de 2016, o índice do BC, divulgado nesta segunda (17), registrou queda de 0,73%.

O IBC-Br incorpora projeções para serviços, comércio, indústria e agropecuária, bem como o impacto dos impostos sobre os produtos.

No início deste mês, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) alterou sua metodologia para medir a atividade com mais precisão. O instituto informou que o setor de serviços cresceu 0,2% em janeiro ante dezembro, em vez de ter queda de 2,2% na comparação, como havia sido informado antes.

Para o comércio, a revisão foi ainda mais significativa, passando de uma retração de 0,7% para uma alta de 5,5% na mesma comparação. Em fevereiro, as vendas do varejo recuaram 0,2% e as do setor de serviços subiram 0,7% em relação a janeiro.

A mudança ocorreu porque o peso da amostra das empresas que participam das pesquisas do IBGE foi redistribuído. Em vez de seguir usando como referência para essa base o ano 2011, o instituto atualizou os dados para 2014.

Essa mudança também ajudou a melhorar o IBC-Br de janeiro. O dado foi revisado pelo Banco Central de uma contração de 0,26% para uma alta de 0,62% na comparação com dezembro de 2016.

INFLEXÃO
Além da mudança da metodologia, o maior impulso ao crescimento veio do setor agrícola. As projeções, que já apontavam para safra recorde de grãos, continuam sendo reajustadas para cima.

"As revisões para cima de serviços, aliada à expectativa de uma grande expansão da agricultura, nos dão a confiança de que depois de 11 trimestres de recessão a economia atingiu um ponto de inflexão", afirmou o banco Goldman Sachs em relatório.

A avaliação de economistas é que, após longo período de crise, a atividade começa a se estabilizar, com recuperação em alguns segmentos. O Brasil está em recessão desde o segundo trimestre de 2014.

"O que os dados de atividade indicam é que a economia está parando de cair. O primeiro trimestre terá uma estabilização da economia, talvez com um pequeno crescimento em alguns setores", disse o ex-diretor do Banco Central Alexandre Schwartsman.

Para Raphael Figueiredo, analista da Clear Corretora, não é somente a revisão do IBGE que afeta os números positivamente. "A atividade caiu tanto que agora não há nada que a impeça de crescer", disse. "Não temos preocupação com inflação e temos espaço para uma derrubada cada vez maior dos juros."

PESQUISA FOCUS
Essa análise não é consenso no mercado. Nesta segunda-feira, o BC divulgou também as projeções dos analistas ouvidos pelo boletim Focus, e a expectativa de crescimento para o PIB de 2017 foi revisada de 0,41%, na semana anterior, para 0,40%.

Há um mês, esse número era de 0,48%. No início do ano, ao rever suas projeções para o Orçamento deste ano, a equipe econômica do governo atualizou sua expectativa de crescimento da atividade em 2017, de 1% para 0,5%.

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