Folha de S. Paulo
Petistas ainda calculam movimentos para
alargar base eleitoral do ex-presidente
Lula e Geraldo Alckmin decidiram trocar
gentilezas em público depois que circularam planos para a formação de uma chapa
entre os dois no ano que vem. O tucano afirmou na semana passada que o
ex-presidente tem apreço
pela democracia. O petista retribuiu e disse que tem uma
"extraordinária relação de respeito" com o ex-governador paulista.
Famoso por dar declarações ensaboadas quando quer escapar de assuntos espinhosos, Alckmin fez questão de deixar a porta aberta para conversar. Lula, que costuma fazer piada quando surgem especulações sobre candidatos a vice, preferiu dançar em torno do tema e fez um aceno ao dizer que não há nada que não possa "ser reconciliado".
Além de mostrar que nenhum dos dois
descarta a dobradinha, o episódio reacende um dilema que deve acompanhar o PT
até a eleição. Embora lidere as pesquisas, o grupo de Lula entende que a
corrida deve se acirrar e que será preciso fazer um movimento contundente para alargar
a base eleitoral do petista.
Segundo os cálculos dessa ala, o baile com
um tucano convicto como Alckmin manda aos eleitores fora da esquerda um sinal
de que Lula pode ser uma opção de voto em alguma etapa da disputa. Mesmo que a
chapa não se concretize, os acenos retribuídos pelo ex-governador paulista
ajudariam a pavimentar a formação de uma frente num eventual segundo turno
contra Bolsonaro.
Nem todos os correligionários de Lula
pensam assim. Alguns petistas acreditam que a força demonstrada nas pesquisas
pelo ex-presidente deve bastar para empurrá-lo para a vitória com uma coalizão
restrita à esquerda. Para eles, uma caminhada em direção ao centro tornaria
aguada a candidatura petista.
Nos EUA, apesar do entusiasmo produzido por nomes como Bernie Sanders, os democratas deram uma guinada e escolheram o insosso Joe Biden como candidato para enfrentar Donald Trump em 2020. Mesmo sem Alckmin em sua chapa, Lula também pode precisar de um pouco de chuchu no ano que vem.
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