segunda-feira, 31 de outubro de 2022

Míriam Leitão - Instituições e mundo blindaram o Brasil

O Globo

Em movimento antes nunca visto, autoridades se apressaram em parabenizar Lula pela eleição à presidência

As instituições brindaram os resultados das urnas e o mundo também legitimou as eleições do Brasil. Internamente, o movimento aconteceu rapidamente com Arthur Lira, presidente da Câmara, reconhecendo o resultado. Depois, a presidente do STF, Rosa Weber, e o ministro Alexandre de Moraes fizeram um pronunciamento, com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, ao lado.

Aliás, Pacheco foi muito elogiado pelo presidente do TSE, dizendo que ele nunca titubeou e sempre foi um defensor das urnas eletrônicas em meio a todos os ataques.

Externamente, o mundo abraçou o Brasil. Foi impressionante, nunca vi algo tão rápido, uma sucessão de declarações de autoridades de todos os países, dos Estados Unidos a China, dos mais variados continentes e tipo de governo, congratulando o Brasil e o presidente Lula. E não ficou só na fala: a Noruega anunciou que vai liberar a verba do Fundo Amazônia para o combate ao desmatamento, interrompido em 2019.

Este movimento é fundamental porque o governo Jair Bolsonaro nunca deixou claro se respeitaria os resultados da eleição. Ele está isolado, não fez o papel institucional de reconhecer a derrota e cumprimentar o vencedor. A democracia precisa de ritos. Não me surpreende esta atitude, mostra o caráter sempre autoritário do presidente. Ele nunca fez um ritual que se espera de um governante.

A transição será penosa e difícil. Os atuais ministros que têm quadro mais político vão tentar criar obstáculos. Espero que os servidores públicos pensem no seu papel de servir ao estado, e não ao governo.

O presidente eleito Lula agora disse que vai descansar por dois dias. Ontem, ele fez um discurso histórico. Foi o mais importante que eu já vi o petista fazer. Ele fez o discurso no tom certo e, mesmo falando de improviso na Avenida Paulista, manteve o mesmo roteiro. A chave do discurso é que disse que iria governar para 215 milhões de brasileiros e não só para os que votaram nele. "Não existem dois Brasis. Somos um único país, um único povo, uma grande nação". Nesta frase, ele mostra a preocupação com a pacificação do país, tão dividido após esta eleição bélica.

Citou a cultura várias vezes, tão atacada no governo atual. A fala foi inclusiva, de apoio a todas as minorias. O discurso abraçava o Brasil e trazia de volta a ideia de um país unido. Lula tem a vantagem de ter esta característica de ser conciliador, um negociador, mas a pacificação será um dos muitos desafios do petista. Na parte da economia, o texto do Orçamento enviado por Jair Bolsonaro está muito cheio de defeitos.

 

 

2 comentários:

Anônimo disse...

"Na parte da economia, o texto do Orçamento enviado por Jair Bolsonaro está muito cheio de defeitos."

Tudo do bolsonaro é cheio de defeitos. Por isso, mesmo tendo trapaceando fortemente na campanha, gastando tudo e comprometendo o futuro do país, nem assim o incompetente trapaceiro da República ganhou. NEM ASSIM!

ADEMAR AMANCIO disse...

Venceu o Brasil da esperança.