Folha de S. Paulo
Apetite demonstrado por partidos dá corpo a
disputa azeda que inclui o próprio PT
Depois que as peças mais sensíveis do
futuro governo começaram a se encaixar, uma disputa azeda ganhou corpo entre
aliados de Lula.
Mesmo com a provável expansão da Esplanada dos Ministérios para além de 30
pastas, o excesso de candidatos aos cargos mais vistosos alimentam um mal-estar
dentro e fora do PT.
A partilha de ministérios ficou mais apertada nesta semana com o apetite demonstrado por novos aliados. Lula conversou com grandes partidos e deixou o balcão aberto para que cada sigla indique ao menos dois nomes para o primeiro escalão.
Não se sabe ainda como acomodar os interesses
de todas as legendas —e dos grupos dentro de cada sigla. No
MDB, por exemplo, há uma disputa entre os senadores Renan Calheiros e Eduardo
Braga por uma das indicações. Braga, aliás, quer o Ministério de Minas e
Energia, mas o PT também gostaria de ocupar a pasta.
União Brasil e PSD também devem ficar com
dois ministérios cada, mas os partidos também querem avançar sobre outros
espaços. A primeira legenda pretende manter o controle da Codevasf,
estatal que se tornou símbolo das emendas do centrão. A segunda quer emplacar
um dos principais aliados do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, numa
empresa pública de peso.
O xadrez preocupa petistas que acompanham a
montagem do governo. Eles relatam que algumas siglas tentam driblar a divisão
de espaços. O PSB considera Flávio Dino uma
escolha pessoal de Lula e reivindica outras duas pastas. O MDB também não
inclui Simone Tebet entre
as indicações do partido.
Há outros fatores em jogo. Lula sinalizou
que vai seguir critérios de gênero, raça e região para formar o retrato
completo da Esplanada. Se o cearense Camilo Santana (PT) for escolhido, a
também cearense Izolda Cela (PDT) perde força (e vice-versa).
O aperto pode afetar o espaço do PT no governo. Lula disse a aliados que não há vaga garantida nem para a presidente da sigla, Gleisi Hoffmann, e o coordenador do programa de governo, Aloizio Mercadante.
Um comentário:
No aguardo.
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