O Estado de S. Paulo
Petistas querem convocar Heleno, Ramos e Braga Netto; bolsonaristas miram G. Dias
O teatro de operações do Congresso terá os
generais entre os principais personagens da batalha da Comissão Parlamentar
Mista de Inquérito sobre o ataque às sedes dos três Poderes. Mas, em vez de
comandar as tropas do governo e da oposição, eles estarão entre os alvos
prioritários das convocações para depor.
Se a oposição bolsonarista quer ver o ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Marco Edson Gonçalves Dias, o G. Dias, sendo inquirido pelos parlamentares, o PT está preparando a estratégia do partido para enfrentar a tropa bolsonarista, apresentando os pedidos de convocação dos generais e ex-ministros Luiz Eduardo Ramos, Augusto Heleno e Walter Braga Netto. Deputados da legenda, como Carlos Zarattini, estiveram discutindo com colegas a estratégia a seguir na comissão. José Genoino, expresidente do partido, tem defendido publicamente que o governo tem munição e deve usála para mostrar o comprometimento de Jair Bolsonaro e auxiliares com a escalada que levou ao 8 de janeiro.
Eles têm afirmado que a CPI deve investigar
os fatos a partir de 7 de setembro de 2021, quando Jair Bolsonaro discursou em
São Paulo, atacando o STF. Os petistas querem verificar o 7 de Setembro de
2022, examinar os acampamentos na frente dos quartéis e averiguar a arruaça em
Brasília, de 12 de dezembro, com o ataque à sede da PF no dia da diplomação de
Luiz Inácio Lula da Silva, seguido do atentado a bomba frustrado no dia 24 até
os eventos do dia 8. A estratégia é pôr Bolsonaro e seus generais no centro da
CPI e pedir quebras de sigilos telefônicos e bancários para chegar aos
financiadores de tais atos.
Na avaliação de Zarattini, de Genoino e de
outros, a CPI pode ser o segundo tiro no pé dado pelos bolsonaristas em 2023. O
primeiro foi o ataque às sedes dos Poderes. A comissão deve permitir a
exposição pública das engrenagens dessas ações por meio de uma investigação
formal, o que transformaria em pó teorias e mentiras contadas nas redes sociais
sobre “o golpe”.
Além da trinca bolsonarista e de G. Dias,
outros generais poderão ser convocados a depor. Esse seria o caso do
ex-ministro da
Defesa Paulo Sérgio de Oliveira e de três
já ouvidos pela PF, todos nomeados por Bolsonaro para os cargos que ocupavam no
dia 8: Gustavo Dutra (Comando do Planalto), Carlos Penteado (GSI) e Carlos
Feitosa (GSI).
O risco de se expor o comportamento de Lula
para lidar com a segurança de Brasília seria uma questão resolvida para o
governo por meio da demissão de G. Dias? Mostrar o contrário é o desafio que a
oposição tem pela frente. O resultado da CPI pode ser ainda incerto. Mas o
papel dos generais, não.
Um comentário:
O feitiço virando contra o feiticeiro.
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