quinta-feira, 6 de junho de 2024

Míriam Leitão - Investigação do golpe na reta final

O Globo

Andrei Passos Rodrigues explica que os inquéritos estão na reta final

O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos Rodrigues, disse que até o fim de junho, a PF termina o inquérito dos casos das joias e da fraude da vacina. Em julho, termina a investigação da tentativa de golpe de 8 de janeiro, e em agosto, os casos do ex-diretor geral da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques, e de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça. “Tudo está na reta final”, me disse ele. Ontem, dia do Meio Ambiente, o diretor da Polícia Federal anunciou um acordo com o BNDES para que R$ 350 milhões de recursos do Fundo Amazônia sejam aplicados para alavancar o plano de segurança da Amazônia, inclusive com a criação do Centro de Cooperação Internacional.

— Hoje, a Polícia Federal coordena um sistema de segurança para a proteção na Amazônia e tem um plano estratégico de segurança da Amazônia legal no qual participam outras forças federais. O BNDES é o financiador desse sistema, através do Fundo Amazônia. Um acordo, que está em vias de ser assinado, trará recursos para a incrementação de tudo o que está em curso. Parte desse dinheiro será para que criemos em Manaus o Centro de Cooperação Policial Internacional, no qual traremos os nove países amazônicos — disse o diretor-geral em entrevista que me concedeu na GloboNews.

No caso Marielle Francoeu perguntei o que muda com o depoimento do delegado Rivaldo Barbosa, no qual ele teria dito que não conhece os irmãos Brazão.

— Isso em nada muda o curso das investigações, aquilo que foi colhido durante a investigação, o que foi provado, aquilo que se corrobora por várias formas. É um depoimento importante, mas não altera a percepção da equipe, não altera o rumo da investigação e nada do que tínhamos previsto.

A Polícia Federal está em várias frentes ao mesmo tempo, como se pode ver aqui nessa coluna. Ontem mesmo, a PF deflagrou em Porto Velho a operação “Greenwashing” para investigar a venda criminosa de R$ 180 milhões de créditos de carbono por organização criminosa que invadiu terras públicas.

O combate ao crime na Amazônia, segundo o diretor-geral da PF, só poderá ser bem-sucedido integrando-se agências federais, governos estaduais e países da região. E é isso que tem sido feito nesse plano de segurança da Amazônia.

—O crime hoje não tem fronteira. Não se produz cocaína no Brasil, mas o país é rota do tráfico de drogas e é destino. Na lavagem de dinheiro, o destino final é muitas vezes a Europa. A lavagem feita na Ásia. O garimpo é um exemplo claro disso. Hoje nós temos ouro ilegal brasileiro em vários países. A madeira também. O patrimônio cultural, recuperamos recentemente um livro no Reino Unido, valioso para nós, furtado de biblioteca em Belém. O crime organizado não tem fronteiras, atua de forma conectada com vários países.

O diretor-geral contou que quando há operações fortes no Brasil, na área ambiental, outros países da região sentem o efeito. Recentemente, no Vale do Javari foi feita uma operação em coordenação e com troca de informações com o Peru, Colômbia e Venezuela. Tudo isso tem levado à queda de 60% do desmatamento desde o início do governo e também de 60% no garimpo ilegal.

Em relação às investigações que envolvem o ex-presidente Jair Bolsonaro e pessoas do seu governo, ele disse que elas estão sendo conduzidas tecnicamente e estão chegando ao fim.

— Eu diria que estamos na reta final dos casos da fraude de vacinas e o da ilegal comercialização de joias do patrimônio público. A estimativa é que até o final do mês de junho tenhamos a conclusão desses dois. Novas diligências internacionais foram feitas. Eu respeito a autonomia da investigação, mas a expectativa de conclusão é em junho.

Perguntei sobre a tentativa de golpe de 8 de janeiro.

— A expectativa do chamado inquérito do golpe é finalizarmos no mês de julho. São vários terabites de informações, dados, depoimentos, apreensões, documentos, imagens, toda a sorte de provas. E nossa expectativa é, ao final dessa investigação, apresentarmos quais foram os responsáveis por essa barbárie que aconteceu em nosso país.

Também está terminando o caso conhecido como Abin paralela, que espionava clandestinamente brasileiros de diversas áreas como políticos, juízes e jornalistas. No caso do ex-diretor da PRF, Silvinei Vasques, apareceram pessoas interessadas em colaborar com a PF. O processo deve terminar em agosto, da mesma forma que o de Anderson Torres. Esses próximos três meses prometem.

 

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