Chegada da denúncia contra presidente Michel Temer na Câmara leva tucanos a estabelecer novo prazo sobre permanência no governo
Pedro Venceslau e Renan Truffi , O Estado de S.Paulo
A chegada da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente Michel Temer na Câmara dos Deputados levou o PSDB a estabelecer um novo prazo para decidir sobre o desembarque ou permanência no governo. O limite agora deve ser a reunião da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa que vai avaliar a admissibilidade do pedido da PGR.
“A questão de ficar no governo está muito vinculada aos votos que o partido vai ter na CCJ (na votação da admissibilidade da denúncia). Não faz sentido a maioria apoiar o acolhimento da denúncia, mas ficar no governo”, disse o ex-governador Alberto Goldman, vice-presidente nacional do PSDB.
Goldman, que defende a permanência, afirmou que, se o veredicto na CCJ for a favor de Temer, os deputados da sigla teriam que votar com o governo.
O PSDB conta com sete membros na CCJ de um total de 66 integrantes. O Estado apurou que pelo menos cinco tucanos votarão pela admissibilidade – ou seja, contra Temer.
Como o Palácio do Planalto tem pressa, a expectativa no Congresso é que a CCJ se reúna em até duas semanas. O passo seguinte será o envio da denúncia ao plenário. “O líder do PSDB já disse que cada um vai votar com a sua consciência. Pode haver fechamento de questão, mas é prerrogativa do mandato de cada deputado votar contra ou à favor o pedido de investigação”, disse o deputado federal Daniel Coelho (PSDB-PE), que lidera o grupo dos chamados “cabeças pretas”, que defende a saída do governo.
Sem retaliação. Apesar da pressão de aliados leais ao governo para ocupar os quatro ministérios do PSDB, o Palácio do Planalto garantiu aos tucanos que não haverá retaliação se a bancada não votar em bloco na Comissão e no plenário.
A estratégia de Temer é “manter um bom diálogo” com o partido e tentar virar o maior número possível de votos na bancada. Na primeira reunião para tratar sobre o tema, no dia 12 de junho, o partido anunciou que ficaria com Temer, mas avisou que o apoio poderia ser retirado a qualquer momento.
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