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Acendeu a luz amarela na campanha de Fernando Haddad
A direção nacional do PT assustou-se com a entrevista do deputado Jair Bolsonaro (PSL) no Jornal Nacional. Esperava e até torcia para que ele criticasse a Globo como já o fizera antes ao ser entrevistado pela GloboNews, canal da emissora na TV fechada.
Mas avalia que ele superou todas as expectativas. Não se limitou a repetir que o jornal O Globo apoiou o golpe militar de 64. Foi além ao dizer que a Globo alimentou-se até aqui de verbas públicas, sugerindo que isso poderá cessar se ele for eleito presidente.
Tamanha afoiteza não estava nas contas do PT, que passou a temer a perda de votos para Bolsonaro se ele insistir nessa toada, e também a perda de exclusividade do discurso que atribui à Globo todos os males do país.
O partido tem dados de pesquisas que mostram que não será tão fácil como imaginava derrotar Bolsonaro em um eventual segundo turno.
Bolsonaro ganha da Globo dentro da Globo
Fantástico, o show da vida...
O deputado Jair Bolsonaro (PSL) fez barba, cabelo e bigode. Um pedido de vista do ministro Alexandre de Moraes adiou a decisão do Supremo Tribunal Federalsobre a abertura de mais um processo contra ele, dessa vez por crime de racismo.
No Jornal Nacional, que entrevista os principais candidatos a presidente da República, Bolsonaro venceu o confronto com os apresentadores William Bonnere Renata Vasconcelos. Foi o maior comício eletrônico de sua vida. Saiu maior do que entrou.
Mais tarde, no Jornal das 10 da GloboNews, comportou-se como quem não tinha mais o que perder. Os jornalistas à sua frente pareciam jogar para cumprir tabela. Um caiu na pegadinha de Bolsonaro de querer saber o que estava escrito em sua mão.
No bunker da Globo, Bolsonaro bateu na Globo, para delírio dos seus seguidores e de uma parte grande do PT. Bateu também no PT, o que Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (REDE) não fazem por tributários do PT, e Geraldo Alckmin (PSDB) por que… Sei lá!
Até aqui, Bolsonaro é o candidato que melhor sabe falar o que deseja ouvir expressiva fatia do eleitorado. E o faz com a profundidade de um pires. Vila Madalena e Leblon podem não admirá-lo (duvido!), mas o Jardim Ângela e a Baixada o escutam.
Em 1989, depois de 21 anos de ditadura e do governo desastroso de Sarney, os eleitores buscavam um salvador que fosse contra tudo aquilo que ali estava. O segundo turno foi disputado pelos candidatos que melhor encarnaram esse papel — Collor e Lula.
O triunfo da corrupção sobre a esperança, a herança maldita deixada por Dilma e a ponte para o futuro que virou uma pinguela recriaram as condições para uma nova procura do salvador. Sob o codinome de Mito, Bolsonaro se oferece em sacrifício.
Esse filme já passou. No fim, o bandido morre. Mas a que custo!
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