- Folha de S. Paulo
Tribunais e investigadores apressam passo contra Bolsonaro, Haddad e Alckmin
Os filtros da máquina de depuração política lançada pela Lava Jato estão entupidos a 31 dias da eleição. Promotores, procuradores e juízes jogaram às pressas no aparelho tudo o que encontraram pela frente. Nem eles sabem ao certo o que sairá do outro lado da esteira.
Só nos últimos nove dias, desfilaram em passo apressado ministros do STF que decidiam se Jair Bolsonaro deveria se tornar réu por racismo, promotores que apresentaram duas denúncias contra Fernando Haddad e integrantes do Ministério Público que processaram Geraldo Alckmin por caixa dois.
A ansiedade contaminou o Ministério Público e o Judiciário na primeira disputa nas urnas desde que as duas instituições assumiram protagonismo na vida pública do país. Sob os holofotes da corrida presidencial, órgãos de investigação e julgamento se apressaram ainda mais para reagir a uma demanda sem precedentes por moralidade na classe política.
É difícil acreditar que promotores e juízes não mantivessem um calendário em seus gabinetes com um grande X no dia 7 de outubro.
O julgamento de Bolsonaro no Supremo antes da eleição contrariou alguns ministros e agora está à espera do voto final. As denúncias contra Haddad vieram em série assim que ele foi alçado a reserva de Lula. A acusação contra Alckmin chegou a ser acompanhada de uma convocação a todo o Ministério Público, em uma inusual demonstração de força.
Os responsáveis por investigações e julgamentos assumiram a tarefa de aplicar já uma marca àqueles que consideram inabilitados para cargos públicos —por suspeita de corrupção, por acusações de financiamento irregular de campanhas ou por declarações preconceituosas.
Nem tudo é complô ou conspiração, embora sinta-se cheiro de tratamento seletivo em alguns casos. Juízes e promotores só mergulharam num caldo institucional que os estimula a assumir a missão de tutelar os eleitores diante do caos político. Com movimentos afobados, faz-se um nado sincronizado meio errático.
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