- O Globo
Há um velho bordão repetido em Brasília que diz que “eleição só começa quando muda o horário da novela”. A primeira pesquisa após o início do programa eleitoral de rádio e TV prova que, enfim, a eleição entrou na vida dos brasileiros. Há diversas evidências disso. Duas semanas atrás, 38% dos brasileiros ouvidos pelo Ibope optavam por anular, votar em branco ou não respondiam. Após a série de entrevistas no “Jornal Nacional” e cinco dias de propaganda televisiva, esse percentual caiu para 28%.
Outra evidência importante é a forte rejeição a Jair Bolsonaro, que atingiu 44%, quase o dobro da de seus principais adversários. Há duas semanas, num cenário que ainda incluía Lula, o percentual dos que diziam não votar de forma alguma no capitão reformado era de 37%. Detentor de um latifúndio de tempo no rádio e na TV, Geraldo Alckmin dedicou boa parte de seus comerciais a desconstruí-lo. Funcionou.
Embora tenha conquistado dois pontos de intenção de voto, chegando a 22% no primeiro turno, o candidato do PSL começa a vislumbrar, na pesquisa desta semana, um dos maiores riscos para sua campanha —a possibilidade de ser visto como aquele que inexoravelmente sairá derrotado no segundo turno.
Dos quatro cenários pesquisados pelo Ibope, Bolsonaro perde por cerca de dez pontos para os três nomes que hoje dividem, em empate técnico, a segunda posição da pesquisa: Ciro Gomes, Marina Silva e Geraldo Alckmin. No quarto cenário, o capitão reformado empata com o petista Fernando Haddad, que ainda nem foi oficialmente lançado.
A estratégia de Alckmin é justamente antecipar para o primeiro turno o voto útil dos eleitores da direita, alardeando ser aquele com maior possibilidade de derrotar a esquerda, sobretudo o PT, no segundo turno. A pesquisa, no entanto, também trouxe notícias preocupantes para o tucano. Embora tenha avançado de 7% para 9% das intenções de voto, ampliou-se a pulverização de votos entre outros nomes de seu campo político, especialmente João Amoêdo —que empatou numericamente com Alvaro Dias, com 3% —e Henrique Meirelles, que flutuou de 1% para 2%.
Ciro Gomes parece ter sido o principal beneficiado do início da campanha. Sua intenção de votos cresceu três pontos, único movimento fora da margem de erro, e ele empatou numericamente com Marina Silva na segunda posição da corrida, com 12%. Embora Haddad tenha conseguido ir de 4% para 6%, o avanço do pedetista deve ligar um alerta no PT.
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