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Decotelli, a fake news em pessoa
Deve-se ao governo de Jair Bolsonaro, o presidente acidental, a criação de uma nova categoria de servidores públicos – a “Quase”. O primeiro a inaugurá-la foi Carlos Decotelli, o quase ministro da Educação. Nomeado há 5 dias, caiu antes de ser empossado.
Decotelli entrou no governo como ex-oficial da Marinha, professor da Fundação Getúlio Vargas, doutor pela Universidade Nacional de Rosário, na Argentina, e pós-doutor pela Universidade de Wuppertal, na Alemanha. Saiu sem nada. Nu.
Um dia antes de ser forçado a pedir demissão, ele havia reescrito seu currículo pela quinta vez – desta, para acrescentar o título de ministro. O que fazer agora? Reescreve de novo ou deixa como está? Afinal, sua nomeação foi publicada no Diário Oficial.
Bolsonaro sentiu-se enganado por Decotelli e não disfarçou seu aborrecimento ao recebê-lo, ontem, no Palácio do Planalto. A audiência de despedida não durou 15 minutos. Bolsonaro sequer leu a carta de demissão para analisar se era de fato autêntica.
O encontro foi testemunhado por um só ministro – o general Braga Neto, da Casa Civil. Os demais generais com gabinetes ali e que patrocinaram a escolha de Decotelli, estavam ocupados à procura do quarto ministro da Educação em um ano e meio.
Um deles, Augusto Heleno, do Gabinete da Segurança Institucional, postou uma mensagem no Twitter onde disse que nada teve a ver com o fato de Decotelli apresentar-se como quem não era. Não lhe cabe checar currículo de candidatos a ministro.
A descoberta de que Decotelli era uma fake news em pessoa enfraquece, por ora, a ala militar do governo em sua marcha sobre cargos disponíveis na administração. As viúvas do ex-ministro Abraham Weintraub querem de volta o ministério que era delas.
Em sua nova versão de presidente moderado, Bolsonaro mandou logo dizer que o sucessor de Weintraub será um técnico, especialista em educação e, se possível, repleto de títulos… De preferência, verificados antes do anúncio.
Palácio do Planalto serve de cenário à despedida de um cachorro
Augusto Bolsonaro, ou melhor Zeus, volta para casa
Por 12 dias, Zeus, um cão da raça pastor-maremano, chamou-se Augusto Bolsonaro e desfrutou do raro privilégio de poder conviver na intimidade com a família presidencial brasileira. Foi visto nos fundos do Palácio do Planalto à procura de uma cadela no cio. E imediatamente adotado por Michelle, a primeira-dama.
Passou a morar no endereço mais exclusivo de Brasília – o Palácio da Alvorada. Ganhou uma página no Instagram. Posou para fotos com uma coleira que ostentava a bandeira nacional. E brilhou nas redes sociais passeando ao lado do deputado Eduardo Bolsonaro, o filho Zero Três do presidente. Sua repentina fama foi seu mal.
Apareceu o dono de Zeus, um morador da Vila Planalto, a pouca distância do local em que ele fora achado. E pela primeira vez na história do Palácio do Planalto, sede do governo, armou-se uma cerimônia para marcar a despedida de um cachorro. O presidente compareceu sorridente. A primeira-dama chorou.
Zeus perdeu o nome recém-adquirido e foi devolvido ao dono. A propósito: quando os Bolsonaro devolverão o país aos seus verdadeiros donos?
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